Título: Laboratórios retomam as pesquisas
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/10/2005, Vida&, p. A26

NOVA CHANCE: Há três anos, a BioCryst Pharmaceuticals desistiu de um medicamento que desenvolvia para tratar a gripe. A droga, peramivir, fracassara em testes clínicos, em parte porque não entrava na corrente sanguínea em quantidade suficiente quando usada por via oral. A Johnson & Johnson abandonou uma parceria com a BioCryst em 2001, quando percebeu que outros medicamentos contra a gripe não estavam vendendo bem. Mas, agora, em meio a temores crescentes de uma pandemia de gripe aviária, o peramivir pode ser ressuscitado. Com ajuda de fundos do governo, cientistas americanos já testam a droga em animais, desta vez numa forma injetável.

"Nunca havíamos pensado na possibilidade de retomá-la antes da ameaça da gripe aviária", disse Charles E. Bugg, executivo-chefe da BioCryst, sediada no Alabama. Embora o peramivir ainda esteja longe de uma aprovação formal pela FDA, a agência americana de controle de drogas e alimentos, Bugg afirmou que o medicamento poderia ser fabricado rapidamente em caráter de emergência, para estoques do governo.

Mas especialistas dizem que a anterior falta de atenção às drogas contra a gripe deixou o mundo diante de uma potencial escassez que poderia permitir a morte de milhões de pessoas se a gripe aviária ocorresse nos próximos dois anos.

Uma companhia japonesa, a Sankyo, desenvolveu uma versão avançada do Relenza, produzido hoje pela GlaxoSmithKline. Mas não foi além dos primeiros testes clínicos. Agora, com a ajuda de verbas de Washington, o medicamento é estudado como um possível tratamento para a gripe aviária.