Título: Quadrilha de 8 levou dinheiro e droga da PF
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2005, Metrópole, p. C4

Sete policiais foram presos pelo furto de mais de R$ 2 milhões; dois deles são acusados de assassinato

O Ministério Público Federal do Rio já tem o nome dos oito membros da quadrilha que pilhava dinheiro, drogas e bens apreendidos pela Polícia Federal em operações no Estado. Sete são policiais federais e estão presos. O outro, Ubirajara Saldanha Maia, o Bira, é colaborador da PF e está sendo procurado. Todos estão indiciados por tráfico de drogas, formação de quadrilha, furto e peculato. Dois deles também são acusados de assassinato. O grupo é responsável pelo roubo de R$ 2 milhões da sede da PF no Rio há um mês, pela troca por substância inócua de cocaína apreendida de traficantes e pela subtração de bens tomados de bandidos. Os acusados poderão pegar de 8 a 12 anos de prisão. Envolvido também em assassinato, o policial Marcos Paulo da Silva Rocha, apontado como cabeça do bando, pode ser condenado a até 30 anos. Preso desde o dia 6, ele será denunciado tanto por homicídio como pelo roubo do dinheiro apreendido na Operação Caravelas (780 mil, US$ 90 mil e R$ 20 mil), entre 16 e 18 de setembro, e pelo sumiço de 20 quilos de cocaína. Rocha responderá ainda pelo desvio de cheques apreendidos durante operação numa rinha de galos, no Rio, há um ano, na qual foi preso o marqueteiro Duda Mendonça, que fez a campanha do PT na eleição presidencial. Os outros membros da quadrilha são o escrivão da PF Fábio Marot Kair e os agentes André Campos, Clóvis Barrouin Mello Neto, Ivan Ricardo Leal Maués, Marcel Hamada e Adílson Álbio Vieira. O furto do dinheiro, segundo a auditoria determinada pelo diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, foi planejado e executado por Rocha, com participação direta de Bira e ajuda de Kair. O pai, a mãe e mulher de Rocha também estariam envolvidos. A mulher dele, identificada como Elizabeth, está foragida desde sexta-feira, quando teve a prisão decretada. Conforme a auditoria, Kair comandou, duas semanas depois, o furto de 20 quilos de cocaína que aguardavam ordem de incineração. Atuaram no furto com ele os policiais Hamada, Campos, Maués e Barrouin. Uma fita de vídeo gravada por câmeras de segurança, entregue à comissão de auditoria, flagrou o assassinato de dois rapazes em março, perto de um shopping na Barra da Tijuca. A perícia constatou que os assassinos são Rocha e Kair, num possível acerto de contas com devedores de um agiota para quem trabalhavam. O Ministério Público determinou que a PF continue procurando o dinheiro roubado, que estaria com um comparsa de Rocha. A PF também está levantando os bens dos integrantes da quadrilha. No dia 7, a comissão de auditoria, enviada de Brasília, descobriu que mais 30 quilos de cocaína haviam sido roubados. O bando tinha como base a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).