Título: MP abre investigação paralela sobre morte de Delmonte
Autor: Leonencio Nossa e Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/10/2005, Nacional, p. A5

O Ministério Público abriu ontem investigação paralela sobre a morte misteriosa de Carlos Delmonte, o legista que apontou marcas de tortura no cadáver de Celso Daniel, prefeito do PT em Santo André. A medida foi tomada durante reunião entre o promotor Marcelo Millani e o procurador-geral de Justiça, Rodrigo César Rebello Pinho. Millani disse que não acredita na hipótese de suicídio, que a polícia considera como a mais provável. Delmonte foi encontrado dia 12 caído no chão de seu escritório particular, na Vila Mariana. A necropsia não identificou a causa da morte. Os exames de laboratório - toxicológicos e microscópicos - ainda não apontaram o que matou o legista. A equipe de peritos, formada por 7 legistas e patologistas, identificou "sinais indiretos" de substâncias no sangue de Delmonte. "O problema é que muitos produtos são metabolizados, acabam absorvidos pelo organismo", anotou Hideaki Kawata, diretor do Instituto Médico Legal. "Não há pressa, o importante é chegarmos a uma conclusão cabal, sem meio termo."

Millani vai intimar pessoas já ouvidas pela polícia, como Guilherme, filho de Delmonte. Serão reconvocadas a ex-mulher, Vera, e Luciana Plumari, de quem o legista havia se separado recentemente. O promotor pediu "perícia retrospectiva" - um psiquiatra forense do Hospital das Clínicas vai ouvir pessoas próximas do legista para verificar se ele tinha "perfil suicida".