Título: Ata do Copom atrai as atenções
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2005, Economia & Negócios, p. B4

Documento que será divulgado na quinta pelo Banco Central poderia fornecer pistas sobre novos cortes de 0,50 ponto no juro

O principal evento da semana para o mercado financeiro é a divulgação, na quinta-feira, da ata da última reunião em que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica de juros de 19,50% ao ano para 19%. O corte dobrado, de 0,25 ponto porcentual em setembro para 0,50 ponto em outubro, fortaleceu o interesse de investidores e analistas pelo documento. "A expectativa é que virão outras reduções de 0,50 ponto nos dois encontros do Copom que restam no ano, mas o mercado que ver essa indicação na ata", diz Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos. Em sua avaliação, a ata deverá vir um pouco mais otimista e explícita, em relação às anteriores, quanto à inflação e ao nível de atividade. É grande a ansiedade pela divulgação da ata, mas o olhar do dia-a-dia do mercado estará voltado ao cenário externo, principal fonte de instabilidade mais recente dos mercados. É forte a preocupação dos investidores com a inflação e a atividade econômica nos Estados Unidos, principalmente por causa da alta do petróleo, comenta Newton Rosa. O temor é que o aumento de pressões sobre a inflação leve o Federal Reserve (Fed, banco central americano) a esticar por mais tempo o processo de elevação dos juros. Embora o cenário de inflação e economia seja considerado bom, declarações recentes de dirigentes do Fed com alertas sobre pressão de preços reforçaram o temor dos investidores, que reagem prontamente ao anúncio de dados negativos.

Por aí, em semana fraca de eventos nos EUA, a atenção estará voltada a dois discursos de Alan Greenspan, presidente do Fed: um na quarta-feira e outro na quinta. Eventuais referências à política monetária poderão provocar reação imediata dos mercados. Dentre os indicadores americanos mais importantes, o economista da SulAmérica destaca os dados de confiança do consumidor de outubro, do Conference Board, que serão divulgados amanhã, e de confiança do consumidor da Universidade de Michigan, na sexta. Nesse dia também será conhecida a primeira estimativa para o desempenho do PIB americano no terceiro trimestre. A expectativa é de uma expansão de 3,50%, que, se confirmada, vai apontar que a economia não sofreu o impacto do petróleo, afirma Newton Rosa.

À espera da ata do Copom, o mercado financeiro estará conferindo ainda os indicadores domésticos de inflação, que, de acordo com Newton Rosa, virão mais elevados por causa de pressões pontuais derivadas do reajuste de preços administrados (energia elétrica e combustíveis), além do petróleo, que se reflete nos preços da resina. "Os preços agrícolas no atacado também deverão subir, após seguidas deflações", prevê.

A inflação da terceira quadrissemana de outubro pelo IPC da Fipe que será conhecida na quinta-feira está estimada em 0,65% e o IGP-M de outubro, a ser divulgado também na quinta, em 0,75%.