Título: Mais de 60 mortos no Iraque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2005, Internacional, p. A13

Atentado no sul mata pelo menos 20 e bombardeio dos EUA no norte, mais de 40, na maioria civis

A violência não dá sinais de esmorecer no Iraque. Ontem mais de 60 iraquianos, na maioria civis, foram mortos em atentados de grupos rebeldes e bombardeios das forças de ocupação americanas. O balanço das forças dos EUA também foi trágico: 7 soldados mortos entre domingo e ontem (ler ao lado). Pela manhã, fuzileiros navais apoiados por jatos lançaram uma pesada ofensiva em vilarejos no noroeste do Iraque, perto da fronteira síria, nos quais porta-vozes das forças dos EUA afirmam haver esconderijos de rebeldes ligados à rede terrorista Al-Qaeda. Os militares disseram ter desfechado ataques precisos contra casas onde estaria um líder da Al-Qaeda.

Líderes tribais e médicos de Qaim, cidade vizinha, acusaram os americanos de ter matado cerca de 40 civis e ferido mais de 20 nos bombardeios, incluindo várias crianças. "Mortes de civis não podem ser verificadas. Os funcionários dos hospitais sempre fazem essas denúncias", alegou o porta-voz americano coronel David Lapan. "Acreditamos que o nosso alvo, um líder terrorista, foi atingido." Uma equipe de TV da Associated Press filmou moradores mostrando os corpos de seis pessoas, incluindo pelo menos três crianças. O médico Ahmed al-Ani disse que 12 dos 40 mortos eram crianças.

A Associated Press informou que não pôde verificar, com fontes independentes, o saldo de mortos e ressalvou que em outras ocasiões o balanço era exagerado pela população local. Segundo a BBC, os militares americanos insistiam ter bombardeado um alvo preciso, mas médicos do hospital de Qaim informaram ter visto pelo menos 30 mortos e outros estavam sendo retirados dos escombros.

Os americanos acusaram os insurgentes de atemorizar a população de Tal Afar - perto da fronteira síria - e ter executado 12 homens com tiros na cabeça. A informação não foi verificada por fonte independente.

CARRO-BOMBA

Em Basra, o atentado ocorreu no início da noite, num momento de forte movimento de pessoas nas lojas e restaurantes porque se encerrava o jejum diurno do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos. Ao contrário de Bagdá e outras áreas de grande população sunita, Basra fica na região xiita do sul, que se manteve relativamente calma até o início do ano. Nos últimos meses, porém, a segurança se deteriorou na cidade, em parte por causa da disputa entre milícias xiitas rivais e forças de segurança iraquianas. A região, centro da indústria petrolífera do país, está sob controle das tropas britânicas.