Título: Tucanos vendem Serra e Alckmin na tevê
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2005, Nacional, p. A6

Programa eleitoral do PSDB exibe as duas administrações como vitrines para 2006

O PSDB aproveitou o seu programa de propaganda na TV, ontem à noite, para matar três coelhos com uma cajadada. Na primeira, fez um declarado pré-lançamento de seus candidatos à Presidência da República em 2006, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito José Serra; na segunda, deu a entender que a disputa entre os dois é pacífica e amigável; e, na terceira, deixou claro que os pré-candidatos tucanos são apenas os dois. No início do programa, eleitores mencionaram sua preferência por Alckmin (chamado de "Geraldo", seu nome de candidato) ou Serra, alternando os dois. Em seqüência, um potencial eleitor afirmou: "Geraldo e Serra não decepcionam"; uma segunda eleitora decretou: "São firmes"; e um terceiro arrematou: "Qualquer um dos dois é bom".

A cena final do clima amistoso que o partido pretendeu mostrar veio a seguir - os dois juntos, abraçando-se sob a declaração: "O PSDB é Serra na Prefeitura; o PSDB é Geraldo no governo".

No programa, os dois mostraram as suas administrações para exibir seus próprios atributos de gestor. O primeiro foi Serra, apresentado como prefeito que "começa a tirar a cidade do caos deixado pelo PT". Ele explorou dois carros-chefes - a área de Saúde e a de Educação, na qual citou as novas escolas de alvenaria que substituem as "escolas de lata", muito discutidas na campanha de 2004.

Alckmin deixou a modéstia de lado. Anunciou o programa habitacional de seu governo - que distribuiu 210 mil casas populares - como "o maior programa habitacional do Brasil"; o aprofundamento da calha do Rio Tietê como "a maior obra de saneamento do Brasil"; e o programa "Acessa, São Paulo" (centros de computação e internet para pessoas pobres) como "o maior programa de inclusão digital do Brasil".

Todas as obras citadas por Alckmin serão entregues em meados de 2006 (a maioria, no início do ano), o que significa que elas servirão como trunfos de sua eventual campanha.

Alckmin também abandonou a forma contida de criticar adversários. Ele foi citado como um governante que "baixa impostos"; depois, sem citar candidaturas, foi mostrado como o candidato preferido dos empresários paulistas.

A pancada maior, dirigida a Lula, veio do apresentador: "Quando viaja, Geraldo não vai para fugir do trabalho, mas para trazer mais desenvolvimento." Alckmin deu a receita para consertar o Brasil: "Menos impostos e mais empregos, juros menores, produção maior, é disso que o Brasil precisa. Eficiência. Um governo mais rápido, mais ágil, que faça acontecer."

Disse que o Brasil "parece que não anda, parece que patina, perde tempo", e decretou: "O governo não pode se perder pela corrupção e pelo discurso. Tem de ter comando e clareza de que o rumo é outro: o desenvolvimento". E, apesar de ser governador de um Estado, antecipou a convocação: "Juntos vamos construir o Brasil que todos nós queremos."