Título: Ex-ministro admite que clima de guerra com oposição piora suas chances
Autor: Denise Madueño e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2005, Nacional, p. A14

Preocupado com o agravamento da crise entre governo e oposição, o deputado José Dirceu (PT-SP) decidiu reforçar o trabalho de corpo-a-corpo para convencer os deputados a evitar sua cassação. O petista não tem dúvidas de que sua situação ficou ainda mais difícil desde que o PT decidiu recrudescer e declarou guerra à oposição. Na tentativa de não pagar a conta dos ataques do PT a tucanos e pefelistas, Dirceu iniciou ontem uma maratona por gabinetes de parlamentares e lideranças partidárias em busca de apoio e voto. "O PT mudou o rumo e assumiu a postura de partir para a ofensiva", lamentou em conversa com o ex-ministro das Comunicações e deputado Eunício Oliveira (CE), na liderança do PMDB. "Minha situação complicou-se muito." Ele próprio avaliou que não há como negar que ele simboliza o governo. "O PFL e o PSDB não me perdoam por isso", repetiu Dirceu aos peemedebistas que passaram pelo gabinete do líder Wilson Santiago (PMDB-PB) no fim da manhã. Dirceu já sabe que praticamente não tem chances de escapar da pena máxima da perda do mandato no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. Por isso, vai dedicar os últimos dias que tem até a votação de seu processo no plenário da Câmara, ao contato pessoal com cada um dos deputados que vão julgá-lo. "Estou pedindo o voto de cada um de vocês porque não fiz nada de errado", insistiu Dirceu ontem com vários interlocutores. E lamentou que o aumento da temperatura da crise o torne um alvo ainda mais fácil para a oposição que insiste em cassá-lo na tentativa de atingir o governo. Mas nem por isso ele deixará de procurar os deputados do PSDB ou do PFL. "Vou procurar os deputados um a um e pedir o voto, independentemente de partido", afirmou.