Título: ACM Neto reclama de grampo e diz que pode surrar o presidente
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2005, Nacional, p. A10

A briga entre governo e oposição esquentou de tal forma que parlamentares não se constrangem mais em ameaçar partir para a luta corporal. O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) foi à tribuna da Câmara ontem para anunciar que, a exemplo do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), está disposto a dar "uma surra" no presidente Lula. "Senador Arthur Virgílio, vossa excelência não dará uma surra sozinho não. Terá um aliado, porque não tenho medo. Continuarei mostrando que o PT construiu o maior esquema de corrupção já visto na história do Brasil", disse ACM Neto. "O presidente da República, ou qualquer um dos seus, que tiver coragem de se meter na minha frente, tomará uma surra." ACM Neto disse que tem a informação de que parlamentares da oposição são monitorados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Na segunda-feira, Virgílio foi à tribuna do Senado e afirmou que poderá enfrentar o governo em luta corporal. "Se alguma coisa acontecer com minha família eu seria capaz de bater na cara do presidente Lula ou de qualquer outra pessoa", disse.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), reagiu com ironia à ameaça de surra. "Vamos ver com quem eles querem iniciar a briga. Se com o deputado Nilson Mourão (PT-AC) ou com o deputado João Grandão (PT-MS)", disse Berzoini. Mourão tem cerca de 1,50m, um pouco menor do que ACM Neto, que tem perto de 1,60m; Grandão tem pelo menos 1,90m.

Virgílio luta jiu-jítsu. ACM Neto disse que nunca fez nenhum tipo de luta marcial. E que jamais brigou, nem quando menino. "Claro que quando falei em surra, falei em sentido figurado. Não vou sair por aí batendo no presidente Lula." De qualquer forma, ACM Neto já tem aliados para a pancadaria. O deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), que tem 1,90m, disse que ficará ao lado de ACM Neto se houver briga. Lembrado de que o PT tem João Grandão, não se intimidou. "Ele é mesmo um armário, mas é gordo e sem agilidade."

"Esse pessoal está perdendo as estribeiras. As declarações do senador Virgílio e do deputado ACM Neto demonstram o destempero deles. Vêem fantasmas por onde andam", atacou Berzoini.

Em seu discurso, ACM Neto disse ter informações de que ele e sua família estão sendo vigiados pela Abin. "Quero dizer que não vou me intimidar, não tenho medo nem do PT, nem do governo do presidente Lula e muito menos da Abin."

A exemplo de Virgílio, ACM Neto pediu providências ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. "Quero que por meio da Polícia Federal sejam instaurados os procedimentos para investigar a participação da Abin nesses atos de espionagem." Ele pediu que a Câmara convoque o general Jorge Armando Félix, chefe da Abin.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ao qual a Abin está vinculada, negou a acusação. "Isso não procede. A Abin não fez isso (investigar a vida do parlamentar)", reagiu a assessoria do GSI.