Título: Alckmin ganha elogios em Israel e ataca Lula
Autor: Elizabeth Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2005, Nacional, p. A13

Mesmo dizendo que sua viagem era para "trabalho, trabalho e trabalho", o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), deu ontem um tom notadamente político à sua visita a Israel. Atacou a eficiência do governo Lula, defendeu a revisão do embargo à carne brasileira e ganhou elogios de dois destacados integrantes do governo israelense: o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças e Comércio Exterior, Ehud Olmert, homem forte do premiê Ariel Sharon, e o ministro das Relações Exteriores, Silvan Shalom. "A visita do governador a Israel é um grande evento. Quero estreitar ao máximo o relacionamento entre Israel e São Paulo, o Estado mais poderoso do Brasil", disse Olmert ao Estado, durante a Conferência Anual do Primeiro-Ministro para Exportação e Cooperação Internacional, em Tel Aviv. "Aqui estão presentes inúmeros líderes mundiais, mas a presença do governador, para mim, é a mais importante."

Além de ser o único discursante da América Latina na conferência, o governador se encontrou com Shalom para discutir os laços comerciais e políticos entre São Paulo e Israel. Ele elogiou a convivência amigável entre judeus e árabes no Brasil, particularmente em São Paulo, e disse que Alckmin teria muito a ensinar sobre tolerância aos líderes mundiais.

O governador não quis falar sobre as eleições de 2006 e negou que as visitas a Israel e à Índia - sua próxima parada - tenham motivos políticos. Mas espetou o presidente Lula: para ele, as palavras-chave do governo deveriam ser eficiência e logística e as prioridades, emprego e renda. Nada disso, segundo Alckmin, é visível atualmente.

Entre os objetivos comerciais concretos da visita a Israel está a tentativa de levantar o embargo israelense à carne bovina brasileira, decretado há um mês. A proibição foi declarada após a a descoberta de focos de febre aftosa em municípios de Mato Grosso do Sul.

Segundo o governador, o prejuízo do embargo é de US$ 5 milhões por mês para a balança comercial brasileira. E quem sofre mais é São Paulo, responsável por 70% dessas exportações para Israel. "Não é justo embargar a carne de São Paulo quando o problema é em outro Estado. O Brasil é muito grande. A proibição deveria estar limitada só às regiões afetadas."

O assunto foi levantado na reunião com Shalom e também será tema principal de outro encontro, entre Alckmin e Olmert. Antes da reunião, porém, o vice-primeiro-ministro disse estar a par do problema e prometeu buscar soluções. Israel é o sexto comprador mundial de carne bovina brasileira.