Título: Ação do governo provocou traições até no PFL
Autor: João Domingos e Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2005, Nacional, p. A4

O governo obteve ganhos até na oposição quando, na noite de quinta, reforçou ofensiva para impedir a prorrogação da CPI dos Correios. O PFL, autor do pedido de mais prazo para as investigações, sofreu três traições. Os deputados Edmar Moreira (MG), Joaquim Francisco (PE) e Lael Varela (MG) surpreenderam os líderes ao retirarem suas assinaturas. "O governo jogou pesado e conseguiu coisas inesperadas", disse o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA). Ele considerava o assunto tão bem resolvido dentro do partido, que nem cogitou fechamento de questão, que obriga o deputado a seguir a decisão partidária. No PDT, um dos partidos defensores da CPI, até o líder, deputado Severiano Alves (BA), retirou seu apoio, junto com cinco deputados da sigla.

O único deputado do PSDB que retirou sua assinatura, Átila Lira (PI), será punido. O líder tucano, Alberto Goldman (PSDB-SP), foi surpreendido com a atitude do colega e não soube explicar os motivos da mudança. "Não tenho idéia, não quero saber e tenho raiva de quem sabe", comentou, antecipando que Lira será afastado das funções da bancada.

Na lista dos 66 deputados que retiraram as assinaturas no requerimento de prorrogação, aparecem oito deputados do Conselho de Ética. Até seu presidente, Ricardo Izar (PTB-SP) está na lista. O fato causou estranheza, uma vez que a CPI dos Correios é a base das investigações adotadas pelo conselho nos processos de cassação dos deputados acusados no escândalo do mensalão.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), relator do pedido de cassação do deputado José Dirceu (PT-SP), procurou explicar porque retirou sua assinatura. "Meu requerimento não é comum, é especial. Eu condicionei a retirada do apoio a uma prorrogação dos trabalhos da CPI até janeiro", disse. "Entre terminar até o dia 11 de dezembro e prorrogar até abril, fico com a prorrogação." .