Título: CPI do Mensalão pode acabar amanhã
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2005, Nacional, p. A6

A CPI do Mensalão pode acabar amanhã, com um relatório capenga. Exatamente nesta quarta-feira, à meia-noite, encerra-se o prazo para seu funcionamento. Para continuar em atividade, terá de ser prorrogada com o apoio de no mínimo 27 senadores e 171 deputados. No Senado, foram colhidas 30 assinaturas. Na Câmara, o deputado José Rocha (PFL-BA), encarregado de trabalhar pela prorrogação, anunciava ontem que tinha 15 apoios. "O ideal será a prorrogação. Mas se a CPI não for prorrogada, tenho condição de entregar meu relatório na quarta mesmo. Claro que não será um relatório substancial das coisas que apuramos nestes meses de investigação", admitiu o relator da CPI, Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG). O deputado Odair Cunha (PT-MG) disse que poderá apoiar a prorrogação por um mês, para que dê tempo de Abi-Ackel fazer seu relatório.

José Rocha estava pessimista com a possibilidade de prorrogação. "Não está fácil, principalmente agora que o governo está vigilante por causa da prorrogação da CPI dos Correios. Mas vamos fazer um esforço", disse ele. PFL e PSDB anunciaram que vão assinar a prorrogação, mas têm apenas 115 deputados. Teriam ainda de contar com a ajuda de parlamentares de outros partidos. "Comecei a coletar as assinaturas na quinta-feira", disse Rocha, admitindo que a oposição cochilou.

O senador Sibá Machado (PT-AC), espécie de líder do governo na CPI do Mensalão, está eufórico com a possibilidade de ela acabar. "Essa CPI não faz mais o menor sentido. Não estamos avançando nem nas investigações sobre a compra de votos para a reeleição. Desde que ela produziu, com a CPI dos Correios, os relatórios que motivaram a abertura de processo contra deputados suspeitos de receber dinheiro do Marcos Valério, acabou sua função."

As duas CPIs encaminharam à Mesa da Câmara representação contra 18 deputados. A CPI do Mensalão nunca teve a força da dos Correios. Seus integrantes alegavam que eram boicotados pela CPI dos Correios, que não os deixavam ver documentos sigilosos.