Título: Para dirigente da Cepal, se Palocci sair nada muda
Autor: Ricardo Brandt Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/11/2005, Nacional, p. A12

O economista argentino José Luís Machinea, secretárioexecutivo da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), acha que a eventual saída do ministro Antonio Palocci não significaria 'mudanças dramáticas' nem flexibilizações 'populistas' na economia. Para ele, a responsabilidade nas políticas fiscal, monetária e cambial é hoje um 'ativo' do Brasil e trouxe o benefício de acalmar mercados em situações como a de indefinição sobre a permanência do chefe da equipe econômica. 'Com Palocci, o Brasil mudou a percepção e as perspectivas do mercado', afirmou Machinea, que participa hoje de seminário sobre o pensamento do economista Celso Furtado, morto em 2004. 'As grandes linhas de responsabilidade macroeconômica não vão ser alteradas. Não quer dizer que não haja matizes diferentes. Ser progressista não quer dizer ser populista.' Segundo Machinea, além do Brasil, outros 13 países latinoamericanos e caribenhos terão eleições presidenciais nos próximos 14 meses e em cada um há consciência nos governos e nas sociedades sobre os benefícios da preservação da atitude responsável nas áreas fiscal, cambial e no controle da inflação. 'Mesmo governos de esquerda e centro-esquerda perceberam que se trata de um ativo.'