Título: BC já prevê saldo de US$ 13,6 bi
Autor: Fábio Graner e Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2005, Economia & Negócios, p. B6

Na esteira dos resultados recordes da balança comercial, o Banco Central decidiu elevar suas projeções. Há novos números para o saldo comercial e também para o conjunto das contas externas do País, que deverão fechar o ano com um saldo positivo de US$ 13,6 bilhões, ante US$ 9,4 bilhões anteriormente projetados. Para 2006, a projeção saltou de US$ 700 milhões para US$ 3,7 bilhões. A estimativa de saldo comercial deste ano subiu de US$ 38 bilhões para US$ 43 bilhões e em 2006, de US$ 29 bilhões para US$ 34 bilhões. O saldo comercial subiu puxado pelo crescimento das exportações, mas também é explicado, em parte, pela desaceleração do ritmo do crescimento da economia brasileira no final deste ano. Segundo o BC, as importações vão crescer menos do que o esperado pelo governo. A economia morna reduz a necessidade de importação de máquinas e matérias-primas, por isso a projeção de compras no mercado externo este ano caiu de US$ 76 bilhões para US$ 74 bilhões, e para 2006, de US$ 92 bilhões para US$ 89 bilhões.

"As importações estão crescendo menos do que se imaginava por conta de substituição de produtos importados por nacionais e do nível de atividade menor", admitiu o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Já as estimativas de exportações subiram de US$ 114 bilhões para US$ 117 bilhões este ano (estimativa que já havia sido divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento) e de US$ 121 bilhões para US$ 123 bilhões em 2006. Segundo Lopes, a revisão se deve ao desempenho forte das vendas para fora do País nos últimos meses. Ele disse que espera em 2006 uma expansão menor das exportações, que "já atingiram um patamar elevado".

O aumento das reservas internacionais também permitiu uma revisão nas despesas líquidas com pagamento de juros este ano, que caiu de R$ 14,2 bilhões R$ 13,5 bilhões. Com reservas mais gordas, crescem as receitas obtidas com juros decorrentes das suas aplicações.

Mas o governo foi surpreendido com o aumento das remessas de lucros e dividendos, o que obrigou o BC a rever de US$ 10 bilhões para US$ 11,5 bilhões as suas projeções desse item do balanço de pagamentos.

O Banco Central manteve em US$ 16 bilhões as estimativas de ingresso de investimentos estrangeiros diretos no País em 2005 e 2006 .