Título: Sindicatos vão ao Congresso por mínimo de R$ 400
Autor: Renata Veríssimo e Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/11/2005, Economia & Negócios, p. B3

As centrais sindicais decidiram jogar todas as fichas no Congresso Nacional para conseguir um reajuste maior para o salário mínimo em 2006. Aproveitando a fragilidade do governo na Casa, os sindicalistas marcaram para hoje uma série de reuniões com as lideranças partidárias e com os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B - SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ontem, os presidentes das centrais sindicais estiveram reunidos por mais de uma hora com os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do Planejamento, Paulo Bernardo, além do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, para reivindicar um salário mínimo de R$ 400 e a correção de 13% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

Os sindicalistas deixaram a reunião frustrados. Ouviram os ministros e receberam a promessa de que entre 15 e 20 de dezembro será agendado um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para anunciar o valor do salário mínimo. Até lá, a área técnica do governo vai fazer os cálculos e discutir com as centrais e com o Congresso fontes de recursos para cobrir um eventual aumento.

O ministro do Trabalho avisou que os R$ 400 reivindicados são "incompatíveis com o orçamento". "Evidentemente que isso faz parte do jogo da negociação. Vamos ver qual a possibilidade real de avançarmos além dos R$ 321."

O reajuste do salário mínimo para R$ 400 teria um custo adicional de R$ 12,4 bilhões para o governo federal em 2006, sendo R$ 7,9 bilhões só na Previdência. A projeção foi divulgada ontem pelo relator do Orçamento da União, deputado Carlito Merss (PT-SC), que defende um aumento mais moderado, para R$ 340.

Marinho anunciou que o governo também se comprometeu a enviar no início de 2006 um projeto de valorização do salário mínimo a longo prazo. O ministro disse que qualquer decisão sobre o mínimo ou o reajuste da tabela do IR "terá de caber no orçamento".

"A reunião foi improdutiva. Não avançou um centímetro do que queríamos. Por isso, vamos apostar todas as fichas no Congresso Nacional", resumiu o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. Os sindicalistas argumentam que o valor de R$ 321 previsto na proposta orçamentária é baixo. "Ninguém quer quebrar o Brasil, mas achamos que dá para ser um valor maior", disse Paulinho.

Antes do encontro com o governo, que ocorreu no fim do dia, as centrais sindicais promoveram uma manifestação em Brasília com cerca de 5 mil pessoas. A Força fez uma carreata na Esplanada dos Ministérios e a CUT realizou uma passeata de mais de 10 km até a Esplanada. A chuva forte impediu uma passeata conjunta.