Título: Exportações estão perto da meta
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2005, Economia & Negócios, p. B9

O País deve superar com facilidade a meta de exportar US$ 117 bilhões neste ano, segundo avaliação do Ministério do Desenvolvimento. No período de 12 meses encerrado em novembro, as vendas externas chegaram a US$ 116,6 bilhões e o saldo da balança comercial chegou a US$ 43,9 bilhões, novo recorde. A meta do governo é alcançar um superávit de US$ 42 bilhões em 2005. O cenário de bons números da balança e de crescimento das exportações, apesar da valorização do real frente ao dólar, que prejudica as vendas, foi definido ontem como uma "situação bastante estranha" pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

Durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), ele destacou que, no Brasil, o custo de capital é um dos mais mais altos do mundo e o câmbio está mais valorizado do que em qualquer outro país. "Esse paradoxo está na cabeça de todo o setor produtivo", disse.

Na mesma reunião, o presidente Lula comemorou os resultados da balança e ironizou alguns setores que reclamam das condições adversas para exportar: "Eu me lembro que recebi a indústria automobilística no começo do ano e estava tudo acabado: 'Não dá mais, acabou o mundo, não estamos vendendo'... Ou seja, o que eu sei é que todo mês ela bate recorde atrás de recorde nas exportações". E completou: " Eu acho que o Furlan, além de apresentar os números, vai ter, um dia, de mostrar por que o Brasil está crescendo tanto nas suas exportações, o que, no começo do nosso governo, alguns tratavam com muito pessimismo".

Para Furlan, as metas deste ano para o comércio exterior já estão garantidas, mas a preocupação é com 2006. Ele citou um ditado popular - "Dias de muito e véspera de pouco" - para avaliar o futuro das exportações brasileiras. "Assim, quase como o Corinthians, o campeonato deste ano já está ganho, mas existe uma componente psicológica que é o ano que vem. O nosso desafio é o campeonato de 2006", resumiu Furlan. A meta do governo é de exportações acima de US$ 120 bilhões no próximo ano.

O secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, no entanto, admitiu que a taxa de câmbio valorizada está afetando o ritmo de crescimento das exportações dos setores de calçados e de automóveis: "Já é possível notar redução no ritmo de crescimento das vendas externas desses setores".

Em termos globais, porém, os dados são positivos. No mês passado, a balança teve saldo de US$ 4,09 bilhões, a terceira marca mais alta do ano. O superávit resultou de vendas externas de US$ 10,7 bilhões e compras de US$ 6,7 bilhões. As médias diárias de exportação (US$ 539,5 milhões) e de importação, (US$ 335 milhões) foram as maiores já registradas. "Como isso é possível? Vocês é que precisam me explicar, porque vocês é que são os exportadores", disse Furlan à platéia de empresários no Palácio do Planalto.

Com o resultado de novembro, a balança acumula em 11 meses deste ano um saldo positivo de US$ 40,4 bilhões. De janeiro a novembro, as exportações de produtos manufaturados tiveram aumento de 24,7% em relação ao mesmo período de 2004, com destaques para aparelhos transmissores (incluindo telefones celulares), fio-máquina de ferro/aço, automóveis e laminados planos. Os básicos - como petróleo, carne suína e minério de ferro - cresceram 20,1% e os semimanufaturados, entre eles, açúcar em bruto e ferro fundido, tiveram alta de 18,6%.

Apesar dos embargos internacionais à carne bovina brasileira, o Ministério do Desenvolvimento ainda acha que as exportações de carne vão atingir a meta de US$ 8 bilhões este ano.

Armando Meziat disse que as perdas com a carne bovina in natura serão de US$ 200 milhões a US$ 250 milhões em relação ao que estava previsto. Mas elas poderão serão compensadas pelo aumento das vendas de carne de frango e suína.