Título: Wagner acha cedo para Lula apoiar Mercadante ou Marta
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2005, Nacional, p. A9

O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, disse ontem que "ainda é cedo" para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomar uma posição na disputa entre a ex-prefeita Marta Suplicy e o senador Aloizio Mercadante para a candidatura ao governo do Estado de São Paulo pelo PT. "O quadro está muito incerto. Acho que ele (Lula) não vai interferir agora", afirmou o ministro. Wagner ressaltou que, na eventualidade de qualquer "polêmica", o presidente poderá chamar Mercadante e Marta para negociar. "Mas é cedo, tem muito tempo pela frente", ressaltou. Na semana passada, Marta e Mercadante estiveram em dias diferentes no Palácio do Planalto para anunciar a disposição de representar o PT na corrida pelo governo estadual e pedir o apoio de Lula. O presidente disse que o desejo de ambos era legítimo mas deixou claro temer que a disputa se transforme numa briga fratricida. Lula não se posicionou em defesa de um ou outro pré-candidato. No Palácio, porém, é notória a preferência do presidente por Mercadante, líder do governo no Senado. Wagner, no entanto, declarou que essa preferência não existe. "Os dois (Marta e Mercadante) são bons quadros", observou o ministro.

No fim de semana, o senador e a ex-prefeita lançaram oficialmente suas pré-candidaturas ao governo, durante o 16.º encontro do PT de São Paulo.

Em diferentes conversas com dirigentes do PT, o presidente Lula já se manifestou contrário à realização de prévias em todo o País.

A disputa mais acirrada e antecipada se dá mesmo em São Paulo - maior colégio eleitoral do País -com o agravante de que nem o senador, nem a ex-prefeita, ambos de temperamento determinado, dão sinais de que admitem, eventualmente, retirar sua pré-candidatura.

Os dois sugeriram que o PT adote um sistema de aferição interna, levem em conta pesquisas de opinião para averiguar qual tem potencial eleitoral maior.

O ministro Jaques Wagner afirmou também que não é hora de se avaliar o lançamento de candidaturas de outros partidos à presidência da República. "Ninguém ainda bateu o martelo", disse Wagner, referindo-se à suposta decisão do prefeito do Rio, César Maia, de abrir mão da candidatura, pelo PFL, a favor do prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB).