Título: Confiança do consumidor recuou 1,2% no mês
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Economia & Negócios, p. B6

Depois de crescer 4,2% em outubro, índice aponta deterioração nas expectativas para os próximos seis meses

A desaceleração da economia e as incertezas quanto ao futuro derrubaram também o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que encolheu 1,2% em novembro, depois de crescer 4,2% em outubro. A maior deterioração foi nas expectativas quanto aos próximos seis meses, com destaque para a situação financeira das famílias (queda de 7%). Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), os resultados projetam desempenho fraco para o Produto Interno Bruto (PIB) do último trimestre. "Nada indica que o quarto trimestre vai ser muito melhor do que o terceiro, com base nos indicadores antecedentes de confiança do consumidor", disse o vice-diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Vagner Ardeo. Segundo ele, o índice de confiança é uma prévia do que pode ocorrer na economia. O índice divulgado ontem é o segundo da série do novo indicador da FGV.

O ICC recuou de 104,2 pontos em outubro para 103 pontos em novembro. O cálculo do indicador começou a ser feito há dois meses e setembro é considerado o mês-base, com valor 100. Enquanto o Índice de Situação Atual "andou de lado", de 100,7 para 100,9 pontos, houve recuo no Índice de Expectativas futuras, de 106,1 para 104,2 pontos. Isso mostra, na avaliação do coordenador da pesquisa, Aloísio Campelo, que o consumo não deverá induzir o crescimento no fim do ano, época tradicionalmente marcada pelo aquecimento das vendas.

Ao comentar os resultados do PIB do terceiro trimestre, Campelo disse que os resultados da indústria já eram esperados, a partir dos dados da Sondagem Industrial da FGV, mas ficou surpreso com a "magnitude" da queda da economia no terceiro trimestre. Para ele, o avanço da economia este ano deverá ficar entre 2,5% e 3%.

Campelo relacionou a queda da confiança do consumidor ao avanço de notícias negativas sobre a desaceleração da economia no terceiro trimestre, a dúvidas sobre os efeitos do aperto monetário e à crise política. A coleta de dados foi feita entre 1º e 22 de novembro, período em que o ministro da Fazenda Antonio Palocci ficou no centro da crise política e foi alvo de disputa pública com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

A piora de expectativas foi maior nas classes de maior renda, que têm "maior acesso à informação". A fatia que acredita em melhora da situação familiar nos próximos meses caiu de 42,6% para 34,9% de outubro para novembro; a fatia que projeta piora foi de 5,3% a 7,2%. A principal evolução positiva foi na expectativa de compras: subiu de 71,7% para 80,3% a parcela dos que esperam aumentar aquisições.