Título: No Congresso, o temor é por Palocci
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Economia & Negócios, p. B7

'É capaz de ele virar o bode', diz Tasso. Para Mercadante, agora juros vão cair

O desempenho negativo da economia tende a enfraquecer politicamente o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na avaliação de um grupo de parlamentares. "É capaz de ele virar o bode, o que pode piorar a situação da economia", alertou o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). "A estabilidade pode ir embora." "Os mais radicais, tanto da oposição como do governo, vão aproveitar os dados para apertar o cerco contra o ministro", disse o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB). "Enquanto o PIB estava crescendo, tudo bem. Na hora que cai, praticamente em um ano eleitoral, ele vai sofrer dentro do próprio partido", completou o senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA).

Para Jereissati, a culpa pelo resultado negativo não pode ser atribuída somente ao ministro, mas o senador José Jorge (PFL-PE), responsabiliza Palocci, que terá o apoio da oposição porque é uma escolha entre o "ministro da responsabilidade fiscal e a ministra da gastança eleitoral". Jorge se referia a briga entre Palocci e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Nós achamos que sem ele talvez seja pior", concordou o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).

Para Aloizio Mercadante (PT-SP), "isso é parte do processo econômico" e há margem na política econômica para reverter a trajetória da economia. "O ministro Palocci seguramente o fará, olhando com bastante atenção para o crescimento." Esse ajuste na rota, explicou, envolve queda mais rápida na taxa de juros e a criação de condições para um maior investimento do governo.

Reduzir os juros, para Mercadante, é fundamental. "Os juros podem cair mais e o governo pode investir mais. E com o décimo terceiro salário podemos retomar o crescimento."

Mercadante observou que, se o governo tivesse fixado uma meta menos ambiciosa de inflação para este ano (como ele defendeu enfaticamente), teria sido possível uma política monetária não tão apertada, com taxas de juros mais baixas.