Título: Mais recursos para o crédito imobiliário
Autor: Cássia Carolinda
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/12/2005, Investimentos, p. H8

Bancos descobrem quais são as condições ideais para classe média

Foi só os bancos baixarem os juros e esticarem o prazo de pagamento dos financiamentos imobiliários para imóveis de valor de avaliação inferior a R$ 150 mil que a classe média mostrou interesse em adquirir a casa própria. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os empréstimos com recursos da poupança de janeiro a outubro deste ano já totalizaram R$ 3,62 bilhões, superando os R$ 3 bilhões de todo o ano de 2004. Na avaliação do presidente da Abecip, Décio Tenerello, o ano deve fechar com algo em torno de R$ 4,6 bilhões de créditos. A expectativa de Tenerello é que ocorra crescimento no próximo ano e os bancos do setor privado emprestem da caderneta cerca de R$ 6 bilhões. Sem contar que, depois de ficar 13 anos fora desse mercado, a Caixa Econômica Federal voltou a operar no fim do mês passado com recursos da poupança e anunciou que dispõe de R$ 2 bilhões para esse crédito até dezembro de 2006. O Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também orçou em R$ 5,8 bilhões os recursos disponíveis no próximo ano para a área da habitação.

Apenas dois bancos trabalham com recursos do FGTS, a Caixa Econômica Federal e a Nossa Caixa. Essa verba financia imóveis para quem tem renda de R$ 300,00 a R$ 4.900,00, com juros que vão de 6% a 10,16%. O público com renda acima de R$ 4.900,00 dispõe de crédito pelas normas do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), pelas quais é possível adquirir imóvel com valor de avaliação até R$ 350 mil e financiamento de até R$ 245 mil. Nesse caso, os bancos estão trabalhando com juros anuais que variam de 8% a 11% para imóveis com valor de avaliação abaixo de R$ 150 mil, e de 12% a partir desse desse valor.

As construtoras e incorporadoras, que nos últimos anos vinham dando prioridade ao público de poder aquisitivo mais elevado, começaram a perceber que o mercado de imóveis de alto padrão está saturado. "O mercado vai crescer para a classe média e média baixa", analisa Romeu Chap Chap, presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação). Ele acrescenta que, por ser um ano eleitoral, os governos irão investir mais em obras públicas, o que vai gerar mais emprego e renda.

Na análise de José Augusto Viana, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP), "o financiamento imobiliário tem aumentado também porque está havendo flexibilização das exigências feitas pelos bancos para liberar o financiamento para os trabalhadores informais".