Título: Unicef confirma caso de tráfico de crianças
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2005, Intrenacional, p. A12

JACARTA - O Fundo da ONU para a Infância (Unicef) informou ontem ter confirmado um caso de tráfico de crianças na Indonésia após o tsunami que deixou 153 mil mortos em 13 países. Birgithe Lund-Henriksen, chefe da unidade de proteção à criança da Unicef na Indonésia, fez a denúncia e a polícia confirmou o caso de um menino de 4 anos morador em Banda Aceh, capital da Província de Aceh, a mais afetada pelas ondas gigantes. O menino foi levado por um casal, que se identificou como seus pais, a um hospital de Medan, 450 quilômetros a sudeste de Banda Aceh, mas trabalhadores humanitários desconfiaram do caso, achando que a história era inconsistente.

Segundo Birgithe, há outras informações de possível tráfico de crianças órfãs, entre elas a de um trabalhador de uma ONG, que alega ter visto cerca de 100 crianças sendo levadas em uma lancha no meio da noite em Aceh.

Países afetados pelos tsunamis, entre eles Indonésia e Sri Lanka, proibiram a adoção de crianças que ficaram órfãs na catástrofe, numa tentativa de impedir que traficantes se aproveitem da situação.

Desde que os tsunamis atingiram o Sudeste Asiático no dia 26, as autoridades do Sri Lanka também receberam numerosas denúncias de abusos sexuais, até mesmo de crianças. Alguns casos teriam ocorrido em acampamentos de refugiados, o que levou a polícia a enviar vários guardas a cada um dos centros de ajuda. A Organização Internacional de Imigrações informou ontem que registrou sete casos de mulheres vendidas para prostituição.

A organização não-governamental Visão Mundial é uma das agências humanitárias que fez um alerta sobre a ameaça vivida pelas crianças vítimas das ondas gigantes.

Segundo Heather Macleod, diretora internacional da Proteção à Criança da Visão Mundial, "as crianças são separadas de suas famílias e colocadas em abrigos temporários onde não há pessoas específicas para tomar conta delas e, como resultado, as crianças podem até mesmo se perder ao sair para receber donativos, como vacinas, água e comida".