Título: Tailândia: agora é reconstruir
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2005, Internacional, p. A12

As buscas por corpos de vítimas dos tsunamis cessaram ontem na Tailândia. As prioridades agora são recolher os que ainda continuam aparecendo nas praias, devolvidos pelas marés, e passar a cremar os dos tailandeses. Já os estrangeiros serão guardados em câmaras frigoríficas. Embora a maioria esteja muito desfigurada e a análise por DNA dos corpos esteja sendo feita com muita lentidão. As informações foram dadas ao Estado pela coordenadora residente das Nações Unidas na Tailândia, a brasileira Joana Merlin-Scholtes. Segundo ela, o atendimento às vítimas está sendo melhor do que o esperado e o país entra agora numa nova fase: a da reconstrução. "Graças a Deus agora é estação de secas, não há chuvas fortes, a entrega de alimentos está sendo feita rapidamente, estradas foram desobstruídas, há quantidade suficiente de água", diz. "Também não há perigo de epidemias nem registro de surto infeccioso. Mas há ainda um trabalho muito grande pela frente."

Joana lembra que cerca de cem casas já foram reconstruídas e estão prontos para serem iniciados programas de emprego, de auxílio psicológico, de apoio a crianças, de agricultura, de saneamento e de auxílio a pescadores, uma das categorias mais atingidas pela tragédia - estima-se que 3 mil barcos tenham sido perdidos e 20 mil pessoas da área de pesca tenham sido atingidas.

O governo tailandês já planeja também a construção de monumentos em memória dos mortos em Phuket e outras áreas devastadas. E continua recebendo ajuda internacional. "É impressionante a quantidade de coisas que estão chegando para alívio aos mais necessitados", diz Joana, que em 20 anos de carreira na ONU já participou da reconstrução de países devastados por guerras, como Vietnã, Moçambique e El Salvador, mas considera a tragédia na Tailânda a pior que presenciou.