Título: Resquício de indexação ainda contamina preços
Autor: Márcia De Chiara e Ricardo Leopoldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/01/2005, Econommia, p. B4

O resquício de indexação, que contamina os preços administrados e monitorados e tem respondido por boa parte da inflação, deverá continuar pressionando o custo de vida neste ano. "Existe uma inflação encomendada para 2005 por conta dos preços públicos reajustados pelos Índices Gerais de Preços (IGPs)", afirma o economista-chefe da LCA Consultores, Luís Suzigan. Nas suas contas, a inflação "encomendada" acumulada em 12 meses até maio deverá girar em torno de 8% e 9%, que é uma taxa elevada diante do centro da meta de inflação medida pelo IPCA para este ano de 5,1%. Nas contas da consultoria, os IGPs, que são os indexadores do preços públicos e têm forte influência do atacado, só vão correr abaixo do IPCA, que é o índice oficial de inflação ao consumidor, no ano que vem. Portanto, neste ano e no próximo, as tarifas públicas deverão exercer forte influência na inflação. Na opinião do coordenador do IPC-Fipe, Paulo Picchetti, esse resquício de indexação poderia ser equacionado com a adoção de índices setoriais para balizar os contratos. Suzigan considera a hipótese inviável porque significaria a quebra de contratos.