Título: Brasil registrou só 0,2% das patentes internacionais em 2003
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2005, Economia, p. B4

Apesar do esforço do governo em aplicar uma nova política industrial e de pesquisa, um relatório divulgado ontem pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) mostra que o Brasil ocupa uma posição praticamente insignificante no mundo no que se refere a inovação tecnológica. O País foi responsável por apenas 0,2% das patentes internacionais registradas em 2003, mostrando a falta de inovação na indústria brasileira. O registro internacional de patentes é feito pela OMPI, permitindo que uma inovação seja protegida em todo o mundo. Segundo o relatório, o Brasil registrou 221 patentes internacionais em 2003 - 8% acima do registrado em 2002, mas inferior ao crescimento médio dos países emergentes, de 11%. O País tem sido superado nos últimos anos pela China, que em 2003 registrou 1,2 mil patentes; Índia, com 611 patentes; África do Sul, com 376, e Cingapura, com 313.

A comparação entre Brasil e Índia deixa claro que o País vem perdendo espaço entre outros países emergentes. Em 1999, o Brasil registrou 126 patentes, o dobro da Índia. Em 2003, o País registrou um terço do que fizeram os indianos. Outra constatação: a diferença entre o Brasil e os líderes dos países em desenvolvimento vem crescendo. Em 1999, o Brasil tinha registrado 50% a menos de patentes que a China. Agora, tem seis vezes menos registros do que os chineses por ano.

Uma avaliação feita por setores mostra a falta de apoio do governo e de universidades à pesquisa e inovação no Brasil. Das 221 patentes registradas em 2003, apenas 7 foram feitas por universidades, ante 70 na China; instituições públicas de pesquisa no Brasil registraram 10 patentes, um dos índices mais baixos entre os países emergentes, e superando só o México (8). "Esses dados refletem a capacidade tecnológica dos países", disse Francis Gurry, vice-diretor-geral da OMPI.

Os dados da entidade mostram que os demais países pobres estão cada vez mais distantes dos ricos. Só dez países emergentes registraram mais de dez patentes em 2003 e só 20 países pobres registraram alguma patente.

Enquanto isso, o mundo somou 113 mil registros de propriedade intelectual em 2003. Desse total, 41 mil são dos Estados Unidos, seguidos por Japão (16,7 mil) e Alemanha (13,9 mil). Entre as empresas que mais solicitaram proteção internacional às suas invenções, a liderança é da Phillips, seguida por Siemens, Matsushita, Bosch e Sony.