Título: OAB acusa Itamaraty de omissão
Autor: Odail Figueiredo
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2005, Internacional, p. A14

O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Edísio Simões Souto, criticou ontem a atuação do Ministério de Relações Exteriores, que considerou "omissa", no caso de um cidadão brasileiro - funcionário da Construtora Norberto Odebrecht - aparentemente seqüestrado por grupos armados no Iraque. Para Simões, as negociações para tentar localizar e libertar um brasileiro no exterior não podem ficar apenas a cargo da empresa. A crítica da OAB levou o Itamaraty a divulgar uma nota, na qual afirma estar em "estreito contato" com a direção da construtora, buscando "o rápido e favorável desfecho do caso". Para Simões, o seqüestro de um cidadão brasileiro no exterior é uma "questão de Estado" e, portanto, deve necessariamente ser tratado pela diplomacia brasileira, ainda que ela não tenha sido chamada a intervir no caso. Ele se referia às informações divulgadas pelo ministério de que a Odebrecht não havia pedido ajuda nas negociações com autoridades iraquianas para facilitar as buscas.

O engenheiro da Odebrecht desapareceu depois de o carro em que viajava ter sido alvo de uma emboscada em Beiji, a norte de Bagdá. Um segurança britânico e o motorista iraquiano que estavam no mesmo veículo foram mortos no local.

Em outra nota divulgada ontem, o Itamaraty alertou os cidadãos brasileiros sobre os riscos de viajar para o Iraque. "A situação de segurança no Iraque se deteriorou gravemente, atingindo patamares sem precedentes de violência", diz o comunicado. "Diante das eleições no Iraque, programadas para 30 de janeiro, militantes armados têm intensificado seus atos de violência. Os cidadãos estrangeiros são visados por aqueles grupos, que apontam como alvos prioritários os representantes da imprensa internacional."

"O governo recomenda aos brasileiros que pretendam viajar ao Iraque por razões profissionais que levem em conta o alto risco da atual conjuntura iraquiana", conclui a nota.