Título: Mercado projeta alta maior do juro
Autor: Denise Abarca e Mario Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2005, Economia, p. B7

O mercado de juros futuros não acompanhou a melhora da Bolsa e a queda do dólar e continuou a elevar as projeções em todos os contratos. O de janeiro, o mais negociado, projetou 18,67% ao ano, ante 18,53% na véspera. O Ibovespa teve alta de 0,88%, o risco país recuou 1,38%, para 428 pontos, o C-Bond ganhou 0,37%, vendido com ágio de 1,938%, e o dólar caiu 1,10%, para R$ 2,688 (ver página B1). O segundo contrato mais líquido de juros, o de junho, projetou 18,88% ao ano, contra 18,80% na quinta-feira. Foi um dia de liquidez farta, marcado pela intensificação de zeragens de posições, especialmente por bancos que não agüentaram a forte abertura das taxas. Os fatores de pressão continuam os mesmos: ceticismo em relação ao processo de afrouxamento monetário e preocupação com os índices de inflação, em especial com os IPCs e com os núcleos.

Além da certeza do aumento de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic em fevereiro, os investidores vão firmando apostas num aumento de, no mínimo, 0,25 ponto em março. Segundo essa trajetória, o juro básico começaria a recuar no início do segundo semestre, mas os próprios operadores relutam em confiar nessa imagem como um reflexo das apostas. "Pela curva, o juro teria uma queda modesta em julho, mas para valer, mesmo, só no final do ano", comentou um deles.

Os investidores estão céticos com relação à ata da última reunião do Copom, que sai na quinta-feira. O que se espera é uma repetição do tom conservador do documento de dezembro. Caso tenha alguma novidade positiva, como uma sinalização de que a inflação projetada pelo modelo do Banco Central está mais próxima do alvo de 5,1%, poderá ocorrer uma certa correção nas taxas.

A Bovespa subiu, num movimento que os operadores chamaram de correção técnica - algumas ações estavam com os preços atraentes e chamaram os compradores. Mas o principal destaque na puxada da Bolsa foram as ações da Vale do Rio Doce, que tiveram as preferenciais no topo das mais negociadas. No acumulado do mês, a Bolsa registra uma perda de 9,08%. O movimento financeiro foi modesto, R$ 1,091 bilhão.

As maiores altas do índice foram de Embraer ON (4,42%), Caemi PN (4,27%) e Vale ON (4,16%). As maiores quedas foram de Sabesp ON (2,64%), Telemar Norte Leste PNA (2,39%) e Bradesco PN (2,36%).