Título: Protestos dentro e fora do centro de convenções
Autor: Rolf Kuntz
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2005, Economia & Negócios, p. B6

O primeiro dia de reuniões oficiais da Organização Mundial do Comércio (OMC) foi marcado por protestos que pediam a interrupção das negociações. Do lado de fora do encontro, manifestantes entraram em choque com a polícia e alguns ficaram feridos.Já dentro da sala de reuniões, 30 ativistas tentaram impedir a fala e abertura do diretor-geral da entidade, Pascal Lamy. "Precisamos chamar a atenção para o que ocorre dentro da OMC", afirmou a carioca Maureen Santos, de 25 anos, que participou da manifestação dentro da sala de reuniões da entidade.

As autoridades de Hong Kong montaram um o esquema de segurança especial, temendo violência. Os 4 mil manifestantes chegaram muito próximos do centro de convenções onde ocorria o evento. Uma parte deles tentou invadir o edifício, entrando em conflito com a polícia, que usou gás paralisante e gás de pimenta. A maioria dos ativistas violentos era formada por agricultores sul-coreanos, que enfrentaram a polícia com varas de bambu.

A principal crítica do grupo, assim como dos demais ativistas, é quanto os efeitos do livre comércio. No caso dos sul-coreanos, a abertura de seu mercado para produtos agrícolas do exterior poderia quebrar os produtores locais de arroz.

A polícia informou que optou por não prender ninguém para não acirrar o enfrentamento entre as autoridades e os manifestantes. Os coreanos, porém, alegaram que cinco pessoas foram detidas para interrogatório.

Outro protesto ocorreu no porto Hong Kong, onde barcos navegavam com cartazes contra a OMC. Vários ativistas pularam nas águas da Baía de Hong Kong e foram cercados por botes da polícia.

Já dentro das salas de reunião, Lamy não interrompeu o discurso, mas mostrou desconforto. "A OMC não é uma das organizações mais populares", reconheceu. "As muitas pessoas que se beneficiam do livre comércio são em geral muito silenciosas, enquanto as poucas que acabam sendo afetadas por ele podem ser muito barulhentas politicamente."