Título: Assessora recebeu 6 depósitos de corretora
Autor: Diego Escosteguy, Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/12/2005, Nacional, p. A8

Entradas na conta e repasses para pessoas ligadas ao deputado coincidem

Através da quebra de sigilo bancário dos investigados, a CPI dos Correios já constatou que a corretora Bônus Banval fez pelo menos seis depósitos na conta de Rosa Alice Valente, assessora do deputado José Janene na Câmara, num total de R$ 154 mil. Até mesmo Enivaldo Quadrado, um dos sócios da corretora, faz depósito como pessoa física na conta da assessora. Ele depositou R$ 11.628,08, no dia 21 de janeiro de 2005. A CPI, agora, quer analisar todas as movimentações da conta de Rosa Alice e mapear sua relação com os depósitos feitos pela Bônus Banval para saber se houve benefício direto de Janene ou de seus parentes.

No dia 14 de junho de 2004, por exemplo, a Bônus Banval depositou R$ 30 mil na conta da assessora. No mesmo dia, Rosa Alice repassou R$ 1.063,70 para Stael Fernanda Rodrigues Lima, esposa de Janene. Enviou também R$ 360,00 para Danielle Kemmer Janene e R$ 570, 42 para Michelle Kemmer Janene, filhas do parlamentar. No dia seguinte, mandou mais R$ 8 mil para Stael. E, no dia 16, o próprio Janene recebeu um repasse de R$ 1.914,00.

Operação parecida também tinha ocorrido em 17 de maio. R$ 50 mil da Bônus Banval entram na conta de Rosa Alice. No mesmo dia, parte desse dinheiro cai nas contas de Janene (R$ 1.914), Stael (R$ 1,6 mil), Danielle (R$ 980) e Michelle (R$ 650).

De 2000 a 2005, um total de R$ 1,5 milhão foi depositado na conta de Rosa Alice, que como assessora da Câmara ganha cerca de R$ 3 mil. Outro aspecto que ainda intriga a CPI são os depósitos feitos pelo próprio Janene na conta da assessora. Uma das hipóteses da CPI para a estranha movimentação é que ela seria apenas a titular de direito da conta, mas a titularidade de fato, com direito a administrar as movimentações bancárias seria do próprio Janene.