Título: FMI perdoa débitos de US$ 3,3 bi dos pobres
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2005, Economia & Negócios, p. B3

Foram beneficiados 19 países, a maioria africanos

O Fundo Monetário Internacional (FMI) completou ontem o cancelamento dos débitos à instituição de 19 países membros que estão entre as nações mais pobres do mundo, a maioria da África. Quatro países das Américas - Bolívia, Guiana, Honduras e Nicarágua - estão entre os beneficiados do perdão total de US$ 3,3 bilhões em linhas de créditos, concedido sob a Iniciativa Multilateral de Alívio da Dívida (MDRI). Os outros países contemplados pela medida são Benin, Burkina Faso, Camboja, Etiópia, Gana, Madagáscar, Mali, Moçambique, Níger, Ruanda, Senegal, Tajiquistão, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.

"Este é um momento histórico, que permitirá a esses países aumentar os gastos em áreas prioritárias para reduzir a pobreza, promover o crescimento e avançar na direção das Metas do Desenvolvimento do Milênio", disse o diretor-gerente do FMI, o espanhol Rodrigo de Rato, referindo-se ao conjunto de oito objetivos adotados em 2001 pela comunidade internacional para reduzir pela metade, até 2015, os índices de pobreza de 1990. O perdão dos débitos ao Fundo sob o MDRI será formalizado no início de 2006.

Mais de vinte outros países elegíveis ao benefício serão tratados numa segunda fase do programa.

O coordenador nacional do Neil Watkins, da Campanha Jubileu USA, que defende o perdão da dívida oficial de países pobres, manifestou-se "aliviado" pela decisão final do Fundo, aprovada pela diretoria executiva ontem, depois do arquivamento de uma proposta, depois incluída, que adiaria o perdão de US$ 650 milhões.

"Esse é apenas o primeiro passo de uma longa jornada e continuaremos a pressionar os líderes para cancelar todas as dívidas das nações mais pobres", afirmou.

NOVO EMBAIXADOR

O ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, John Danilovich, tomou posse na presidência da Corporação do Desafio do Milênio, nova entidade criada para canalizar verbas da ajuda externa dos EUA.

A presença do presidente George W. Bush na cerimônia de posse, presidida pela secretária de Estado Condoleezza Rice reforçou as especulações sobre o papel central que a administração reserva ao ex-embaixador dos EUA no Brasil, num plano de reestruturação do programa internacional de assistência americano, que poderá implicar o fim da existência da Usaid como agência federal independente e sua incorporação ao Departamento de Estado.