Título: Especialista lidera negociação
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

BRASÍLIA - As negociações do novo acordo sobre o comércio bilateral de veículos e autopeças entre Brasil e Argentina, que recomeçam na quarta-feira, em Buenos Aires, serão comandadas, do lado brasileiro, por um profundo conhecedor do tema, o secretário de Desenvolvimento da Produção, Antônio Sérgio Martins Mello. Os regimes automotivos adotados entre 1995 e 1999 foram elaborados justamente por técnicos liderados por ele, que também participou das mais difíceis negociações com a Argentina sobre acordos do comércio bilateral do setor. A equipe argentina será conduzida pelo subsecretário de Indústria e Comércio, José Días Pérez. As negociações, entretanto, são extremamente delicadas e dependem também de acertos entre as montadoras e fabricantes de autopeças de lado a lado da fronteira. Representantes do setor privado dos dois países participarão do encontro.

Desde o fim de dezembro, quando o Brasil aceitou a proposta da Argentina de prosseguir com o comércio regulado no setor por mais 60 dias, negociações chegaram a ser conduzidas, por telefone, pelos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, e pela ministra argentina da Economia, Felisa Miceli, dada a sensibilidade do tema. Ambos foram os responsáveis pela decisão de prorrogar as regras anteriores até 28 de fevereiro.

Os setores automotivo e açucareiro são os únicos não inseridos nas regras do livre comércio entre os sócios do Mercosul. O acordo automotivo deveria ter sido eliminado no fim de 1999. No entanto, foi prorrogado, com novas regras, pelo menos mais duas vezes.

A história das negociações do regime automotivo é um exemplo das idas e vindas do Mercosul. Desde 1991 existiu um comércio administrado dentro do bloco. No fim dos anos 90, os dois países já tentavam determinar as condições para adotar o livre comércio na virada do século.

No entanto, a resistência argentina foi levando as negociações a intermináveis discussões entre Buenos Aires e Brasília.

Em 2001, após quase um ano e meio de constantes e duras discussões, os governos dos dois países concordaram que o livre comércio começaria no dia 1º de janeiro de 2006.

Mas o começo do novo ano deixou claro que o livre comércio entre os dois parceiros novamente foi adiado.