Título: Ministério reteve dados sobre conta de Duda
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2006, Nacional, p. A9

Só nesta segunda-feira o Ministério da Justiça comunicou formalmente ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) a existência de uma segunda conta bancária do publicitário Duda Mendonça em Miami. A informação é do presidente do Coaf, Antônio Gustavo Rodrigues, que lamentou ontem, em depoimento à CPI dos Correios, a falta de acesso a informações sobre movimentações financeiras no exterior do marqueteiro da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva e do empresário Marcos Valerio Fernandes de Souza. O Ministério da Justiça teria conhecimento dessa conta de Duda desde novembro de 2005. ¿Eu acredito que seria interessante o órgão de inteligência ter acesso a esse tipo de informação. O que mata esse trabalho é a falta ou o excesso de informação¿, disse Rodrigues, que chorou ao final de seu depoimento. Por solicitação do Ministério da Justiça, o Coaf enviou anteontem para os Estados Unidos pedido de informações sobre a segunda conta bancária de Duda. O pedido de informações sobre dados cadastrais e eventuais operações suspeitas foi encaminhado ao Financial Crimes Enforcement Network (Fincen), órgão vinculado ao Departamento do Tesouro, que equivale ao Coaf.

Rodrigues disse que tomou conhecimento informal de uma segunda conta bancária do publicitária na Flórida na sexta-feira, dia 6, no final da tarde. A segunda conta bancária de Duda nos EUA foi revelada sábado em reportagem da revista Veja. ¿O Ministério da Justiça está agindo de maneira diversionista. Só avisou ao Coaf no final da tarde de sexta-feira quando a matéria da Veja estava pronta¿, denunciou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).

O presidente do Coaf informou ainda que o órgão pediu informações aos EUA em 17 de agosto de 2005 sobre a Dusseldorf, offshore de Duda, com sede nas Bahamas e conta bancária em uma agência de Miami e até hoje não teve resposta. ¿Autoridades do Fincen dizem que desconhecem esses requerimentos¿, afirmou o relator-adjunto da CPI dos Correios, Eduardo Paes (PSDB-RJ), para quem o Coaf não está se empenhando junto às autoridades norte-americanas.

O presidente do Coaf explicou que o órgão só atua quando recebe comunicação de casos suspeitos, feita pelos bancos. Rodrigues voltou a dizer que, em outubro de 2003, o Coaf avisou ao Ministério Público Federal em São Paulo sobre as movimentações atípicas nas contas da agência de publicidade SMPB, de Marcos Valerio. Essa informação já havia sido dado a integrantes da CPI, em agosto de 2005, quando estiveram no Coaf.