Título: Indústria cresce em novembro só 0,6% e impede reação do PIB
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

A produção industrial cresceu apenas 0,6% em novembro ante outubro e apresentou igual variação em relação a novembro de 2004, sepultando as esperanças de reação mais forte da economia no quarto trimestre. O mês foi marcado por uma ¿reação modesta¿ da indústria, insuficiente para reverter a trajetória de queda da atividade, segundo destacou o chefe da coordenação de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Silvio Sales.

No mercado financeiro, os dados fracos da produção acentuaram as apostas, ontem, de corte superior a 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic) na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem. Os juros futuros acentuaram a queda após a divulgação dos dados do IBGE.

Com a reação fraca de novembro, a produção industrial reduziu o índice acumulado no ano, de 3,4% até outubro, para 3,1% em 11 meses. O dado de 12 meses também recuou, de 4,1% até outubro para 3,5%. Segundo Sales, com a recuperação discreta, o índice de média móvel trimestral ¿ considerado o principal indicador de tendência ¿ manteve a trajetória declinante, ¿o que sugere que o processo de normalização de estoques prossegue¿.

O trimestre encerrado em novembro apresentou queda de 0,5% na produção ante o terminado em outubro. Para Sales, os números apontam que ¿o processo de ajuste de estoques está em andamento¿. ¿Há um consenso que na passagem do segundo para o terceiro trimestres houve formação de estoque na indústria.

A pergunta agora é como o setor abre 2006, como está sendo a normalização dos estoques.¿ ¿A julgar pelos números da indústria, houve reação no nível de atividade econômica (no quarto trimestre) em relação ao terceiro trimestre, mas isso ocorre de maneira muito discreta, não há sinais de que o ajuste de estoques tenha sido concluído¿, disse Sales.

O excesso de estoques na indústria foi um dos motivos do mau desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. Para o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Julio Sérgio Gomes de Almeida, apesar de fraca, a produção industrial de novembro mostra ligeira recuperação.

Segundo ele, a indústria brasileira teve um movimento atípico no quarto trimestre: as encomendas do varejo para o Natal foram adiadas por causa da insegurança do comércio sobre as vendas ¿ dado não medido pelas estatísticas e projeções ¿ e pelo aumento das importações.

Para Gomes de Almeida, o dado de novembro está longe de apontar o caminho da recuperação. O que o Iedi projeta para o crescimento industrial em 2006 segue a mesma linha do ocorrido em 2005. ¿Continuaremos com essa trajetória fraca, crescendo ao redor de 2,5%.¿