Título: Criminoso que executou Daniel é preso de novo
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2006, Nacional, p. A9

L.S.N., o Lalo, que confessou ter fuzilado o prefeito Celso Daniel (PT), está de volta à prisão. Ele foi capturado terça-feira à noite, numa rua movimentada de Taboão da Serra (Grande São Paulo), perto da casa de seus familiares. Não reagiu. Com ele, a polícia encontrou a roupa do corpo - camiseta, bermuda e tênis - e o medo de morrer. Estava sumido desde 29 de junho. "Eu fugi porque temo pela minha vida", ele disse.

Ontem, antes de ser levado à Febem - ele tinha 16 anos quando Celso Daniel foi executado, em 2002 -, Lalo conversou com o delegado que o prendeu, Erasmo Pedroso Filho, 50 anos de idade e 30 de polícia. O delegado o questionou sobre o crime que assombra o PT e o Palácio do Planalto. "Eu tinha feito outro seqüestro, aí fui chamado no cativeiro (onde estavaCelso Daniel)", contou.

O cativeiro do prefeito ficava em Juquitiba, ao lado de Taboão. Quem o chamou, afirma Lalo, foi José Edson da Silva, apontado como líder do bando que seqüestrou Daniel. "Eu sabia que era prefeito por causa do noticiário." A execução, por ele próprio: "A gente levou (Celso Daniel) pra estrada e eu mandei ele andar. Atirei nele."

Lalo, que faz 21 anos no próximo dia 4, já havia confessado no Departamento de Homicídios. Ontem, repetiu a história para o promotor Roberto Wider. Mas seu relato, ainda que minucioso, é recebido com reservas pelo Ministério Público. Porque na Febem, sob regime fechado, em outubro de 2004, ele foi entrevistado por uma psicóloga e duas assistentes sociais, a quem confidenciou: "Fui obrigado a assumir o crime, ameaçado de morte pela quadrilha. Por ser menor cumpriria pena reduzida."

Na próxima semana, a CPI dos Bingos envia uma subcomissão a São Paulo para ouvir Lalo.