Título: PIB dos EUA tem menor crescimento em 3 anos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 28/01/2006, Economia & Negócios, p. B9

No 4.º trimestre, expansão ficou em 1,1%, pressionada pelos furacões e pelos gastos menores dos consumidores; alta no ano foi de 3,5%

O Produto Interno Bruto dos Estados Unidos cresceu 3,5% em 2005, um pouco abaixo dos 4,2% de 2004, prejudicado pelo fraco desempenho da economia no último trimestre do ano, cuja expansão foi de apenas 1,1% em projeção anualizada - o menor crescimento desde o último trimestre de 2002 (0,2%).

A queda no período foi atribuída à contenção de despesas por parte dos consumidores, devido à alta acentuada dos preços da energia, e também aos estragos causados por três furacões, em agosto e setembro, no Golfo do México.

Os analistas esperavam uma expansão de 2,8% entre outubro e dezembro, principalmente porque no trimestre anterior o PIB havia crescido 4,1%. Mas a devastação causada pelos furacões no Golfo do México, onde muitas instalações de gás e petróleo foram destruídas e muitas fábricas e escritórios sofreram sérios danos, acabou influenciando.

A retração do consumo foi notória no período. Os gastos dos consumidores, que respondem por aproximadamente dois terços do PIB, subiram apenas 1,1%, o menor avanço desde o segundo trimestre de 2001, quando os EUA enfrentavam uma recessão. A compra de bens duráveis despencou 17,5%, a maior queda desde o primeiro trimestre de 1987 (23,2%). Os americanos estiveram muito cautelosos na aquisição de itens como automóveis e eletrodomésticos .

"O PIB deu um tropeço no quarto trimestre, mas não estou preocupado com a saúde da economia", comentou Mark Zandi, economista-chefe do site Moody's Economy. Ele prevê uma expansão de 4% para o PIB dos Estados Unidos em 2006.

Os gastos governamentais, que têm forte influência na vida econômica, caíram 2,4%, a maior queda desde o primeiro trimestre de 2000, enquanto os investimentos corporativos em equipamentos e software subiram 3,5%, o menor ganho desde o primeiro trimestre de 2003.

Para compensar, as vendas de imóveis novos bateram recorde no ano passado, com 1,28 milhão de unidades, 6,6% a mais que em 2004. Em dezembro, a venda desses imóveis aumentou 2,9% em relação ao mês anterior.

INFLAÇÃO

Já o índice de inflação mais observado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) subiu 2,6% no quarto trimestre, em projeção anualizada, contra 3,7% no anterior. Mas o núcleo do índice, que exclui os preços voláteis dos alimentos e da energia, avançou 1,4%, o que sugere que a inflação está se espalhando. Para a maioria dos analistas, o Fed deverá aumentar o juro básico em 0,25 ponto porcentual na reunião de terça-feira, elevando a taxa para 4,5% ao ano. Essa será a última reunião presidida por Alan Greenspan, que deixará o Fed depois de 18 anos.

Recentes pesquisas mostram que para 64% dos americanos, o desempenho econômico é fraco ou regular, e 34% o consideram bom ou excelente.