Título: Itamaraty diz defender renovação no tribunal
Autor: Denise Chrispim Marin, Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2006, Nacional, p. A7

O governo brasileiro não quis fazer campanha pela reeleição de Francisco Rezek para a Corte Internacional de Justiça de Haia porque é a favor da renovação dos integrantes do órgão, alega o Ministério das Relações Exteriores. Em nota enviada ao Estado, o Itamaraty afirma: "O Brasil considera salutar que haja renovação dos integrantes da Corte. Portanto, decidimos não lançar candidatura própria e apoiar o mexicano Bernardo Sepúlveda Amor para mandato no período 2006-2015."

De acordo com o ministério, o Brasil não tem a tradição de ocupar mandatos sucessivos na Corte. "Com o fim do mandato de Francisco Rezek, o Brasil terá cumprido 27 anos de contribuição aos trabalhos da CIJ. Embora o País tenha estado na CIJ em quase metade dos 60 anos de existência da Corte, não temos por tradição ocupar mandatos sucessivos."

Conforme o Ministério das Relações Exteriores, antes de Rezek ocuparam uma cadeira em Haia José Philadelpho de Barros Azevedo (de fevereiro de 1946 a maio de 1951, quando morreu), Levi Fernandes Carneiro (eleito para concluir o mandato de Azevedo, ficou até fevereiro de 1955) e José Sette Câmara (de fevereiro de 1979 a fevereiro de 1988).

O Itamaraty afirmou que "o Brasil não tem a intenção de perpetuar-se em órgãos como o CIJ, para os quais não está prevista representação permanente ou candidaturas automáticas". E acrescentou que, além de Rezek, concluem mandato em 5 de fevereiro outros quatro juízes da corte de Haia. Para as cadeiras ocupadas hoje por Brasil, Egito e Países Baixos foram eleitos os candidatos do México, Marrocos e Nova Zelândia. O outro posto é dos Estados Unidos.