Título: Valério tentou comprar Bônus Banval, revela sócio
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2006, Nacional, p. A15

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza tentou comprar a Bônus Banval, corretora que fez pagamentos do PT ao PL em 2003 e 2004. A informação é do sócio da corretora, Breno Fischberg. Em depoimento à CPI dos Correios, ele afirmou ontem que se reuniu quatro vezes com Valério, em 2004, para tratar da venda da Bônus Banval, mas a negociação não se concretizou.

Fischberg ainda entregou uma lista com 124 transferências, no valor de R$ 6,6 milhões, feitas pela corretora para diversas pessoas físicas e jurídicas.

Esses recursos estavam na conta da Natimar - empresa que opera no mercado de ouro e de dólar -, que a Polícia Federal suspeita ser de propriedade do doleiro Najun Turner. Valério entregou lista semelhante, no ano passado, à CPI dos Correios e à Polícia Federal.

Só a Erste Ltda., empresa do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, teria recebido R$ 1,2 milhão da Banval, segundo o sub-relator de fundos de pensão da CPI, deputado ACM Neto (PFL-BA). 'A Natimar autorizou a transferência de recursos movimentados pela Bônus Banval para a empresa de Lúcio Funaro', confirmou ACM Neto.

No depoimento, Fischberg confirmou ser amigo de Funaro, que chegou a trabalhar na Bônus Banval. 'Funaro é meu amigo particular e, em 2002, a Bônus Banval passou por uma crise financeira e ele me emprestou R$ 800 mil.' Os R$ 6,6 milhões vieram de empréstimo tomado no BMG pela agência de publicidade DNA, de Valério. Esses recursos foram distribuídos entre os aliados, principalmente o PL, segundo/ determinação do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares. 'Não tinha idéia de que a Bônus Banval estava sendo usada para abastecer o valerioduto', afirmou Fischberg.

A mulher de Najun Turner, Deusa Maria, e seu filho Iuri Flato também receberam recursos da corretora.

JANENE

Fischberg afirmou que foi apresentado a Marcos Valério pelo ex-líder do PP na Câmara José Janene (PR). Michele Janene, filha do deputado, trabalhou na corretora em 2003.

Janene passou a freqüentar a Bônus Banval, soube que a corretora enfrentava problemas de caixa e apresentou o dono a Valério, que se mostrou disposto a comprá-la. O publicitário desistiu do negócio em agosto de 2004, sob a alegação de que os sócios não se interessaram.

Nas três horas de depoimento, Fischberg não soube explicar o envolvimento da Bônus Banval com perdas em operações feitas para quatro fundos de pensão de estatais - Geap, Sistel, Serpros e Prece.