Título: Assembléia da Varig é adiada
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2006, Economia & Negócios, p. 17

Credores decidiram transferir reunião para o dia 23

Os credores da Varig transferiram para o dia 23 a votação do plano de reestruturação da companhia, concluído e apresentado semana passada. A estratégia já havia sido fechada sexta-feira, durante reunião entre os principais detentores de crédito, com o objetivo de ganhar tempo para analisar o projeto, que ainda suscita dúvidas. A suspensão da assembléia de ontem para a próxima semana foi decidida por unanimidade, com apenas algumas abstenções e nenhum voto contrário.

Um dos pontos que devem ser tema de polêmica até a próxima assembléia de credores veio à tona no final da reunião de ontem. O Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), que agrupa cinco associações de funcionários da companhia, registrou manifesto pelo fato de o fundo de pensão Aerus, maior credor privado da Varig, ter votado.

Segundo Marcio Marsillac, coordenador do TGV, o Aerus não poderia ter votado porque sua dívida foi repactuada antes da elaboração do plano de reestruturação e não sofreu alterações com o projeto que está em discussão. Isso, segundo ele, impede o fundo de votar na assembléia de credores, conforme a Lei de Recuperação Judicial. Por isso, o TGV vai mover uma ação judicial para impedir o voto do Aerus.

"Essa é uma posição improcedente e que não conta com o apoio do próprio administrador judicial da Varig (Deloitte) e da Secretaria de Previdência Complementar (SPC), para quem o direito de voto do Aerus é evidente", afirma o advogado do fundo de pensão, José Ricardo Pereira Lira.

GESTOR

O Aerus também está no centro de outra discussão envolvendo o plano de reestruturação societária e financeira da Varig. Credores entendem que o Aerus estaria impondo nomes para a gestão da principal estrutura do projeto, o Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Controle, que reunirá as ações da Varig, Rio-Sul e Nordeste. "O Aerus não quer fazer parte de gestão nenhuma. Queremos emplacar o que foi aprovado: em vez da Fundação Ruben Berta (acionista majoritária da Varig), queremos um gestor profissional", afirma o diretor-financeiro do Aerus, Rudolf Pfeiffer.