Título: 'Presidente é bestalhão ou ladrão bonzinho', ataca Freire
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2006, Nacional, p. A5

O deputado e pré-candidato à Presidência pelo PPS, Roberto Freire (PE), soltou ontem o verbo e disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou é "um bestalhão" ou "um ladrão bonzinho". "O governo Lula é uma fraude, um engodo", seguiu atacando Freire, no lançamento do livro Corrupção - Origens e uma Visão de Combate, do promotor Ruszel Lima Verde, filiado a seu partido. O deputado acusou o PT de cinismo e disse que nunca viu tanta corrupção.

"Se o presidente Lula diz que não sabe de nada, então ele é um bestalhão. Ou então, ele é ladrão, mas é bonzinho", alfinetou o deputado pernambucano, durante um discurso para correligionários no Metropolitan Hotel, em Teresina.

O pré-candidato do PPS também criticou as políticas econômica e social da gestão Lula. "O governo é uma fraude. Ele assumiu com idéia da mudança e não mudou nada. Ele se auto-referenciava como de esquerda e construiu o que de pior poderia acontecer à esquerda", assinalou. "Aliou a esquerda a algo que nunca tinha acontecido na sua história: uma ligação com a corrupção."

Durante a solenidade, Freire alegou que decidiu se lançar candidato como uma alternativa a Lula e aos tucanos. "Nós buscamos alianças para a formulação de um projeto alternativo ao que aí está. Não somos candidatos para dar continuidade ao que está aí iniciado pelos tucanos e mantido por Lula."

Chegou a dizer o PMDB - hoje dividido entre a candidatura própria e o apoio ao presidente - deveria apoiá-lo. "O PMDB tem uma história e, se quiser ser digno dela, tem de se aliar à alternativa das esquerdas."

Os ataques ao governo prosseguiram em tom irado. Disse que a Nação está frustrada com o PT e defendeu uma alternativa à "tragédia brasileira que foi o governo de corrupção da administração Lula". Frisou, porém, que não quer generalizar essa impressão para a militância regional do PT: "Não podemos falar a mesma coisa nos Estados. Temos respeito pelos petistas, pela militância. Mas o governo federal é diferente."

Freire disse que a verticalização, por engessar as alianças nos Estados, é um abuso e uma violência contra a democracia. "As histórias têm de ser respeitadas em cada Estado. Nós temos as nossas idiossincrasias, disputas tradicionais. Temos culturas distintas no País. Não se pode dizer que o que vale para o Brasil como um todo, vai valer para cada Estado."