Título: Embaixador quer Brasil aliado a países da 'periferia'
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2006, Nacional, p. A7

Todo-poderoso no Itamaraty, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães defendeu que o Brasil reaja contra as iniciativas políticas dos Estados Unidos e de outras potências. Em artigo divulgado na semana passada na revista eletrônica La Onda Digital, do Uruguai, o secretário-geral das Relações Exteriores propôs aliança política, econômica e tecnológica do Brasil com outros países da "periferia" para promover e defender interesses nacionais. Na base desta teoria, ressaltou, estaria a execução da política externa de Lula.

"O Brasil tem de transformar suas relações tradicionais com as grandes potências, que historicamente são desequilibradas", insistiu Pinheiro Guimarães. As investidas do diplomata contra os EUA - classificados de "hiperpotência" - devem ser consideradas como fidelidade a suas próprias convicções ideológicas, que em muito se refletem nas ações do Ministério das Relações Exteriores.

Pinheiro Guimarães ressaltou como exemplos de reações do Brasil contra a política externa americana as críticas contra a invasão ao Iraque, a criação do Grupo de Amigos da Venezuela "para a aceitação do regime democrático de Hugo Chávez" e as iniciativas da vizinhança sul-americana para resolver os impasses entre Bolívia e Equador, em 2003, e entre Colômbia e Venezuela, em 2005.

Porém, omitiu o fato de que o governo brasileiro convenceu Chávez a aceitar Washington no mesmo Grupo de Amigos da Venezuela e que o Departamento de Estado manteve estreito contato com Brasília para solucionar as pendências na América do Sul.