Título: No governo Lula, ganho não foi à custa de demissão
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2006, Economia & Negócios, p. B4

A produtividade do trabalho industrial cresceu em média 3,1% ao ano nos primeiros três anos do governo Lula, ante os 6,4% dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. A diferença, contudo, indica o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), é que os ganhos desde a década passada foram acompanhados de desemprego industrial, enquanto nos últimos anos a população ocupada avançou no setor. "Mudou o nosso padrão de crescimento de produtividade. Prefiro este ao outro, que era feito na base de racionalização com declínio do emprego", diz o diretor-executivo do Iedi, Julio Sergio Gomes de Almeida. Ele explica que aumentar a produtividade exclusivamente via demissão é uma estratégia defensiva e não um "aumento de produtividade positivo".

De 1995 a 2002, o pessoal ocupado na indústria encolheu em média 4,5% ao ano. Já entre 2003 e 2005 o aumento de postos foi modesto, mas positivo em 0,8%. Almeida disse que prefere ver a produtividade crescer 4% ao ano junto com uma expansão do emprego a assistir a um avanço na casa de 6%, mas acompanhado de redução do emprego na faixa de 4,5%.

Ele também comenta que o ano de 2003 foi uma espécie de "ponto fora da curva", porque foi um ano de crise, motivado pela eleição de 2002.