Título: No bastidor, a esgrima tucana
Autor: Carlos Marchi, Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2006, Nacional, p. A6

"A candidatura Alckmin vai se impondo com naturalidade", diz um assessor do governador paulista, para quem Serra "teria grandes dificuldades para se eleger". Ele assegura que a eleição de Alckmin "seria muito mais suave". Um assessor de Serra vem pela outra pista: "Alckmin conhece bem São Paulo, mas ignora o Brasil e, principalmente, desconhece os desvãos de Brasília, os problemas e costumes dos outros Estados, do Congresso. Seria difícil ele governar o Brasil." O de Alckmin brande uma coleção de dados sobre pesquisas do passado: "Se pesquisa valesse, Maluf seria eleito governador de São Paulo no primeiro turno, em 2002, porque em julho, três meses antes da eleição, tinha 43% e a soma dos adversários dava 41%. E Maluf nem foi para o segundo turno." Outro apoiador de Serra replica que, em 1986, Orestes Quércia, líder das pesquisas, caiu bruscamente para 9%, 40 dias antes da eleição. "Maluf e Antônio Ermírio foram para a liderança. No fim, Quércia foi eleito." O perfil do candidato tucano para enfrentar Lula "não pode ser de um tecnocrata, como Serra", explica o admirador de Alckmin. "Tem de ser um candidato com perfil de engajamento social, de um médico, como Alckmin", afirma ele, com uma paixão de torcedor de arquibancada. "Se ele está pensando que ganha a eleição só mostrando obra, é bom saber que Lula também tem obra", rebate um serrista. O alckminista não desiste: "Engana-se quem vem com essa história de que basta Serra querer, de dizer 'eu quero' e pronto". E indaga: "Quem tem mais preparo?" Antes de ouvir a resposta, ele mesmo conclui - Alckmin, claro. O serrista faz a tréplica: "Presidente tem de ter densidade política, não pode ser produto vendido pela televisão."