Título: PSDB se apressa e nome sai logo após o carnaval
Autor: Carlos Marchi, Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2006, Nacional, p. A6

Sob impacto do crescimento de Lula na pesquisa CNT/Sensus, líderes convocam cientista político para explicar novos índices

A escolha do candidato do PSDB à Presidência será feita até o carnaval e anunciada logo em seguida, provavelmente no dia 2 de março, quinta-feira. Apreensivos com a pesquisa CNT-Sensus divulgada ontem, as lideranças tucanas fizeram ontem dois movimentos: um foi apressar a escolha do candidato; outro foi convocar a Brasília o cientista político Antônio Lavareda para dar um briefing sobre a pesquisa.

Lavareda disse ao presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE), que a pesquisa CNT-Sensus confirmou a tendência de alta que outros institutos já tinham apontado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu governo. O que ocorre, explicou, é que, por minúcias metodológicas, as pesquisas do Instituto Sensus estão sempre dando números um pouco acima das pesquisas Ibope e Datafolha. Como exemplo, ele contou que a média da aprovação do governo em 2005, segundo o Ibope e o Datafolha, foi de 29%; segundo o Sensus, 36%.

A cúpula do PSDB aporta hoje em São Paulo para marcar presença num seminário sobre política monetária e aproveitar para fazer uma reunião - que pode ser crucial - com a presença dos dois pré-candidatos.

EXPLICAÇÕES

Lavareda, que está preparando o arcabouço de pesquisas quantitativas e qualitativas que vão orientar a escolha do PSDB para a Presidência, recomendou ao partido que não se impressione com a alta de Lula, obtida às custas de segmentos cuja opinião é muito volátil e sustentada pelo imediatismo. Lembrou que a avaliação do presidente Kirchner subiu 16 pontos entre janeiro e fevereiro (a variação da aprovação de Lula foi 6,6 pontos porcentuais).

À medida que se aproxima o prazo-limite para a escolha do candidato, partidários do governador Geraldo Alckmin e do prefeito José Serra acirram a disputa e não encontram critérios comuns para orientar a decisão. Ontem, um assessor de Alckmin disse que ele não aceitará escolha feita pela cúpula do partido e exigirá consulta a uma instância, que pode ser o diretório nacional ou a bancada federal; outro disse que a escolha dependerá de "muita conversa das lideranças".

Mas o que mais chamava a atenção era a leitura enviesada que cada lado tinha da pesquisa: os serristas achavam que ela jogou a pá de cal sobre uma candidatura Alckmin, que perderia no primeiro turno; os alckministas diziam que a pesquisa "desmistificou Serra, que agora também perde para Lula".

Serra só aceitará ser candidato se aclamado pelo partido, Alckmin à frente. Já o governador insiste que terá o programa de campanha para se fazer conhecido em todo o País. Um serrista disse ontem que, se Alckmin "forçar a barra", será o candidato, porque o prefeito paulistano sairia da disputa.