Título: Palocci diz que não vai coordenar campanha
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2006, Nacional, p. A14

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, garantiu ontem que permanecerá no cargo e não será o coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Hoje é mais importante o trabalho que estou fazendo para o presidente Lula e o País. Não precisam de mim na coordenação", disse Palocci, ao garantir que não foi chamado para essa função. "Isso nunca fez parte das discussões. Pessoas no PT e no governo é que acham isso. Fico como ministro da Fazenda até o fim do governo. Claro, se o presidente quiser." Ele não respondeu, contudo, se quer continuar no posto num eventual segundo mandato.

Palocci garantiu que Lula só definirá em junho sua candidatura à reeleição. "Acho junho um pouco tarde, mas o presidente tem insistido em que antes não fala sobre o tema", explicou o ministro, que está em Moscou para a reunião do G-8, grupo dos países mais ricos do mundo.

"Falei: 'Presidente, acho que o senhor tem de olhar a questão da candidatura, até porque há ministros que sairão em abril'", contou. Mas Lula, segundo ele, não quer decidir antes, até para não "contaminar" o governo. "Se ele antecipa o processo eleitoral, acredita que vai fazer o País olhar mais para a candidatura do que para o governo."

"Tenho dito ao presidente que ele deve ser candidato por ter mostrado, além de responsabilidade, que é possível combinar um projeto de estabilidade com um olhar social", afirmou. "Um período mais longo de um governo com essas características vai fazer bem ao Brasil."

CRÍTICAS

Em sua opinião, o fundamental, seja quem for o vencedor da eleição, é a economia. "O importante num novo governo Lula é a preservação da política econômica. Vou sempre defender isso. Se ele vencer ou outro vencer, espero que o Brasil veja que está ganhando o jogo econômico por ter sido perseverante. Por isso cito as coisas boas do governo anterior. A perseverança e as coisas boas não começaram conosco, começaram antes." Segundo o ministro, o mérito de Lula foi garantir, mesmo com perdas políticas, a mesma orientação econômica.

Apesar de admitir que a situação econômica começou a ser construída no governo anterior, Palocci não poupou críticas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que há alguns dias afirmou que "a ética do PT é roubar", em entrevista. "Fernando Henrique trouxe um calor especial para o processo eleitoral totalmente desnecessário. Isso é eleitoral, é palanque", reclamou. "Aqui não estou no palanque, estou dizendo o que ocorreu na economia brasileira. Houve um trabalho muito forte do governo Lula e elementos importantes foram trabalhados antes. Jamais vou deixar de reconhecer isso. Agora, esse bate-boca é eleitoral."