Título: Volks pode cortar até 20 mil empregos em três anos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2006, Economia & Negócios, p. B19

A Volkswagen anunciou ontem que implementará um programa de reestruturação 'de profundo alcance', que pode resultar no corte de até 20 mil trabalhadores do grupo nos próximos três anos. Segundo a empresa alemã, as medidas afetarão os trabalhadores da divisão de carros de passeio da marca Volkswagen e os empregos que estiverem indiretamente ligados a ela.

O núcleo do plano será a remodelação das fábricas de autopeças, o ajuste dos custos trabalhistas para tornar a empresa mais competitiva e a ocupação total das fábricas, mediante um ajuste da capacidade.

O presidente-executivo da Volkswagen, Bernd Pischetsrieder, porém, disse que não tem planos de fechar fábricas ou cancelar acordos salariais, que protegem os 100 mil empregados nas seis fábricas da companhia na Alemanha de demissões até o final de 2011.

Ele também minimizou a escala da redução de vagas na montadora. 'O objetivo não é o corte de 20 mil', afirmou o executivo. A empresa também divulgou ontem seus resultados provisórios de 2005, que refletem um aumento do lucro líquido em 60,7% com relação a 2004, para 1,12 bilhão (US$ 1,34 bilhão).

Apesar do aumento, 'a marca Volkswagen está só um pouco acima da linha do zero', disse Pischetsrieder. Segundo ele, a capacidade de exportação das fábricas alemãs da Volks não oferece garantia. Para Pischetsrieder, os problemas da marca Volkswagen devem ser combatidos de forma conseqüente e rápida, para assegurar o futuro a longo prazo do grupo.

A companhia disse que ainda não estabeleceu como alcançará a melhoria da estrutura e da produtividade, mas especificou que a presidência deseja ajustar-se ao convênio coletivo de novembro de 2004. Segundo Pischetsrieder, o objetivo é assegurar a competitividade e os postos de trabalho, o que não é possível nas condições atuais.

Por isso, pretende negociar com o comitê da empresa e o sindicato IG Metall a melhor maneira de alcançar essa meta.

RESULTADOS

Além do aumento no lucro líquido, os resultados provisórios do grupo mostraram também que o lucro operacional, descontados efeitos extraordinários, subiu 58,3% em 2005, para 2,792 bilhões (US$ 3,342 bilhões).

Além disso, o faturamento cresceu 7% e chegou a 95,268 bilhões (US$ 114,036 bilhões).

A Volkswagen, que com esses números ultrapassou as expectativas dos analistas, disse que o volume de negócios do grupo crescerá em 2006 ligeiramente acima do resultado de 2005, impulsionado pelo programa de redução de custos 'ForMotion', pelas medidas para o corte de custos de material e pela melhora dos processos de montagem.

Além disso, a empresa disse que espera alcançar até 2008 um lucro antes de impostos de 5,1 bilhões (US$ 6,105 bilhões). Em 2005, este valor chegou a 1,722 bilhões (US$ 2,061 bilhões).