Título: Rodrigues espera fim do embargo russo em junho
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2006, Economia & Negócios, p. B7

Ministro da Agricultura, que está reunido com colegas do Mercosul em Buenos Aires, acha que as medidas tomadas já justificam a suspensão

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem, em Buenos Aires, esperar que a Rússia encerre o embargo à carne bovina brasileira até o meio do ano. Rodrigues, que está na capital argentina para uma reunião de ministros da Agricultura do Mercosul - mais Chile e Bolívia - para discutir o controle da aftosa, sustentou que as medidas tomadas pelo governo, como o abate de animais nas áreas infectadas, são suficientes para a suspensão do embargo russo.

A Rússia é a maior compradora individual de carne bovina brasileira, absorvendo 25% das exportações (e 70% da carne suína). "Seis meses a partir do abate, tal como estamos fazendo agora no Paraná, o embargo teria de ser levantado. E temos de levar em conta que o abate começou em Mato Grosso do Sul muito antes", comentou.

O ministro também declarou que espera que o Chile, que compra 10% das vendas brasileiras de carne para o exterior, suspenda o embargo. O Chile aplica o embargo total às carnes brasileiras, embora a aftosa tenha afetado só dois Estados.

Segundo ele, desde outubro, quando foi detectado o primeiro foco em Mato Grosso do Sul, o Brasil perdeu US$ 300 milhões em exportações. Ele calcula que o prejuízo neste ano também será de US$ 300 milhões.

Rodrigues relatou que, na reunião com seus colegas do Mercosul, foi definido que os países da região vão aprofundar as medidas conjuntas de combate à aftosa. A idéia é impedir a sua propagação para outros países do bloco.

NOVO FOCO

O Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentícia (Senasa) da Argentina confirmou ontem um novo foco de febre aftosa em Corrientes. Mas garantiu que não há motivos de preocupação, já que foi detectado numa propriedade vizinha da fazenda San Juan, onde surgiu o primeiro foco, no dia 8 de fevereiro.

Há quase um mês, quando o foco de aftosa foi anunciado, os produtores argentinos temeram perder a maior parte dos mercados no exterior. As lideranças empresariais do setor consideravam que se repetiria a "catástrofe" de 2001-2002, quando o país perdeu 90% dos mercados internacionais.

Desta vez, no entanto, a rápida ação do governo para cercar a área atingida pela aftosa e a eliminação imediata de um milhar de cabeças de gado atenuou o impacto nos principais mercados.

Embora diversos países tenham declarado embargo total às carnes argentinas, os maiores compradores do país, a União Européia (que absorve 38% das vendas argentinas desse produto para o exterior) e a Rússia (que compra 36%), decidiram somente bloquear a entrada de carne de Corrientes.

Sendo assim, em vez das perdas estimadas no início de fevereiro, de mais de US$ 700 milhões em exportações, o governo e os empresários calculam que o prejuízo será menor, de US$ 250 milhões.