Título: Desemprego nos EUA é o menor desde 2001
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2006, Economia & Negócios, p. B7

Taxa em janeiro caiu para 4,7% com a criação de 193 mil empregos; temor de aumento de juros contra inflação pressionou as Bolsas

A economia americana criou 193 mil empregos em janeiro, o que fez a taxa de desemprego nos Estados Unidos cair para 4,7%, o nível mais baixo desde julho de 2001. Em dezembro, os desempregados representavam 4,9% da População Economicamente Ativa.

Os analistas esperavam a criação de 250 mil vagas de trabalho no mês passado, e isso acabou pressionando as Bolsas em Wall Street. Mas, de modo geral, o número foi bem recebido. "Não há dúvida de que estamos melhorando na criação de empregos", disse Ken Mayland, economista do site ClearViewEconomics. "Predominava a intranqüilidade no mercado de trabalho, e este número aliviará as coisas. A economia está começando 2006 muito bem." Houve expansão em praticamente todos os setores, em especial na construção, manufatura, serviços e educação.

Ao mesmo tempo, o governo revisou para cima a criação de empregos em dezembro. Na primeira estimativa, eram 108 mil postos, agora são 140 mil. Como reação a esses números, o dólar valorizou-se em relação às moedas importantes. Ao longo de 2005, a economia americana criou 1,980 milhão de empregos, 43 mil a menos do que os analistas esperavam.

O Departamento do Comércio informou que as encomendas industriais cresceram 1,1% em dezembro, depois de avançarem 3,3% em novembro. Foi o terceiro mês consecutivo de crescimento. Ao longo do ano passado, as encomendas industriais subiram 8,1% , ante 9,7% em 2004.

Já o Instituto de Gerenciamento da Oferta (ISM, da sigla em inglês) informou que o setor de serviços cresceu 56,8 pontos em janeiro, contra 61 em janeiro. Pelo índice do ISM, todo número acima de 50 pontos mostra expansão, e abaixo disso, retração. Foi o 34.º avanço consecutivo do índice.

Por fim, o valor médio da hora de trabalho do setor privado foi de US$ 16,41 no mês passado, 0,4% mais que em dezembro. Apesar de ser uma boa notícia para os trabalhadores, esse aumento traz preocupação com a inflação. Tem-se como certo que na próxima reunião, em 28 de março, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aumentará o juro básico em 0,25 ponto porcentual, para 4,75% ao ano.

"Quem achava que o Fed iria aumentar o juro básico só mais uma ou duas vezes este ano, deverá mudar de opinião", comentou o economista Stanley Nabi, da Silvercrest Asset Management. Elisabeth Denison, do Dresdner Kleinwort Wasserstein, disse que a taxa de desemprego deve estar perto daquilo que o Fed considera pleno emprego. "Portanto, nós esperamos um novo aumento de 0,25 ponto porcentual no juro básico em março", acrescentou.

Apesar dos bons números recentes, o consumidor americano ainda tem dúvidas quanto ao desempenho da economia, de acordo com recentes pesquisas.