Título: PSDB entra na Justiça contra Lula
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2006, Nacional, p. A5

O PSDB entrou ontem no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com duas representações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem acusa de estar fazendo campanha antecipada, desrespeitando a lei. "O presidente confessou um crime publicamente ao dizer que o homem público faz campanha 365 dias por ano", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), ao anunciar a decisão. "Lula já responde a mais de 50 processos no TSE por abuso e delinqüência eleitoral."

Esta é a sétima representação do partido contra Lula. Os tucanos alegam que todas são motivadas pelo tom eleitoral de seus discursos nas últimas viagens. "O presidente está usando o palanque oficial e dinheiro público para fazer propaganda eleitoral", acusou Virgílio.

O PSDB destacou na representação trecho do discurso feito na quarta-feira em Parnaíba (PI), no qual Lula afirmou, em ato na Universidade Federal do Piauí, que "a partir de 2007 vai criar cursos de biomedicina, fisioterapia, psicologia e licenciatura em matemática". Ele teria falado como candidato, já que seu mandato termina este ano. "Isto aqui não é uma república das bananeiras", discursou o líder tucano na tribuna do Senado, ao defender a tese de que Lula deve ser multado pelo TSE e o processo, ser encaminhado ao Ministério Público.

Para o PSDB, Lula teria admitido na própria quarta-feira que está fazendo propaganda eleitoral, quando afirmou que um homem público faz campanha "do dia em que acorda, da hora em que acorda à hora em que dorme, 395 dias por ano". Além disso, ele teria comparado seu governo com "anteriores", apresentando números.

Em outra representação, o PSDB cita dois discursos feitos por Lula em Juazeiro (BA) e Imperatriz (MA), enfatizando que o presidente visitou sete cidades em dois dias. Para os baianos, ele reconheceu que "falta muita coisa a fazer no Brasil ainda, muita e muita coisa", acrescentando que "na sabedoria popular o povo sabe que não é possível fazer em quatro anos aquilo que não foi feito em 500 anos" pelo País.

Ao saber que o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), teria acusado o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito José Serra de estarem fazendo campanha em seus cargos, Virgílio reagiu: "Estou vendo Lula inaugurar até pedra fundamental. Então, que Berzoini entre com representação também e deixe o tribunal julgar", disse.

"Se Lula começar a receber multa, haja Delúbio Soares e haja Paulo Okamotto", acrescentou. Ele se referia, respectivamente, ao ex-tesoureiro do PT e ao atual presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que admitiu ter pago uma dívida de Lula com o PT.