Título: Governo pechincha e todos reclamam
Autor: Bruno Paes Manso
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/03/2006, Metrópole, p. C1

No ano passado, a Prefeitura diz que pechinchou o suficiente para reduzir em R$ 456 milhões mais de mil contratos de bens e serviços assinados na gestão de Marta Suplicy. "Reduzimos porque os empresários cobravam preços altos e podiam baixá-los. Se não houvesse gordura, não teriam aceitado", afirma o secretário municipal de Finanças, Mauro Ricardo Costa.Os empresários, no entanto, dizem que não se trata de pechincha, mas de reduções unilaterais impostas pela Prefeitura. E prometem ir à Justiça.

Uma das crises envolveu os serviços da central 156, que teve redução de 55% no contrato, que passou de R$ 27 milhões para R$ 12 milhões. Os participantes das negociações alegam que não puderam reclamar do corte. Esperam agora receber R$ 19 milhões que não foram pagos, mesmo que tenham que recorrer ao Judiciário.

A Prefeitura diz que o consórcio cobrou de Marta Suplicy um "sobrepreço". Tanto que, quando o contrato foi encerrado, a Secretaria Municipal de Gestão fez uma nova licitação, por meio de pregão, contratando a empresa Call, que cobrou R$ 30 milhões pelos serviços, quase a metade do valor anterior. O consórcio diz que o total é mais baixo porque toda a inteligência do sistema foi feita no contrato anterior.

Essas negociações, contudo, às vezes acabam trazendo problemas para a cidade. Há duas semanas, São Paulo acabou sofrendo os efeitos de uma greve de ônibus e os empresários que prestam os serviços de transporte público ameaçaram abandonar o trabalho. Eles alegam que a Prefeitura deve pelo menos R$ 50 milhões por conta de medidas unilaterais nas negociações dos contratos.

Os empresários que prestam serviços de coleta de lixo também reclamam. A Prefeitura diz que conseguiu economizar R$ 85 milhões nas negociações de preços com a Loga Ambiental e EcoUrbis. Os consórcios, contudo, alegam que as condições foram impostas arbitrariamente e os atrasados acumulados na atual gestão chegam a R$ 200 milhões.

MARTA

O vereador Paulo Fiorilo (PT), que foi chefe de gabinete na gestão de Marta Suplicy, nega que a gestão anterior tinha gordura nos contratos. "Se houvesse gorduras, os empresários não reclamariam. Eles estão sendo acuados pelo prefeito."

Fiorilo diz que o superávit da atual gestão foi obtido principalmente com a diminuição de investimentos. "A Prefeitura investiu só 56% do previsto na habitação e 35% no saneamento."