Título: Alckmin rebate denúncias, mas assessor cai
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2006, Nacional, p. A16

O assessor especial de Comunicação do governo de São Paulo, Roger Ferreira, pediu ontem exoneração, imediatamente aceita pelo governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência. A saída do jornalista do Palácio dos Bandeirantes ocorreu depois de seu nome ter sido citado em denúncias de irregularidades na intermediação de verbas de publicidade da Nossa Caixa para favorecer veículos de comunicação mantidos ou indicados por deputados da base aliada na Assembléia Legislativa.

Na carta enviada a Alckmin, Ferreira assegura que "nada fez", no desempenho das suas funções, "que ferisse os ditames da ética e do espírito público". O jornalista ressalta, ainda, que ao sair do cargo evitaria que sua presença no governo fosse usada como pretexto "para provocar desgastes injustificáveis à candidatura" do governador à Presidência.

Logo depois de ter recebido a carta, Alckmin aceitou o pedido de demissão do assessor. "Aceito, sensibilizado, seu pedido de exoneração. Ele demonstra mais uma vez sua lealdade e alto espírito público, que sempre estiveram presentes no seu trabalho nesta administração", respondeu, por escrito, o governador.

As irregularidades que teriam ocorrido na Nossa Caixa foram reveladas pelo jornal Folha de S. Paulo. Os supostos esquemas irregulares do banco vieram à tona e obrigaram a instituição a abrir uma sindicância. Em dezembro passado, o então diretor de Marketing da Nossa Caixa, Jaime de Casto Júnior, foi demitido. Ele admitiu ter feito pagamentos ilegais, mas porque cumpria ordens.

O Ministério Público investigou a Nossa Caixa porque o banco usou serviços das agências de publicidade Full Jazz e Colucci, sem a renovação de contrato, durante setembro de 2003 e julho de 2005.

Antes de aceitar o pedido de demissão de Ferreira, Alckmin reafirmou que o governo de São Paulo não praticou nenhuma ingerência política no banco. "A Nossa Caixa está no mercado, tem governança corporativa, total transparência de suas ações. Não há nenhuma, nenhuma ingerência." Alckmin sugeriu que a divulgação do caso tem relação com a sua pré-candidatura.