Título: Ministério suspeita de novos focos de aftosa no Paraná
Autor: José Antonio Pedriali
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2006, Economia & Negócios, p. B11

Os adiamentos da divulgação dos resultados de testes em animais preocupam os pecuaristas do Estado

Os rumores sobre a confirmação de novos focos da aftosa no Paraná se intensificaram nos últimos dias com os sucessivo adiamentos da divulgação, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteciment, do resultado de novos exames feitos em 2.205 animais de dez propriedades rurais do Estado.

O superintendente do ministério no Paraná, Valmir Kowalewski, alimentou o suspense ao afirmar que, apesar de não haver "nada oficial" sobre os novos focos, "essa é a tendência".

O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Edson Neme Ruiz, disse, por de sua Assessoria de Imprensa, que não se surpreenderá se forem anunciados novos focos da doença no Estado. Mas, segundo ele, o ministério contraria todas as evidências ( já que o gado considerado doente não manifestou os sintomas, o que é inédito) ao manter a posição de que o rebanho paranaense está contaminado pela aftosa.

O ministério continua mantendo suspense sobre a existência ou não de novos focos. Ontem, sua Assessoria de Imprensa declarou que não pretendia divulgar nenhuma informação sobre essa possibilidade, admitida pela primeira vez, há cerca de 15 dias, pelo ministro Roberto Rodrigues.

Técnicos do ministério e da Secretaria de Agricultura do Paraná, liderados pelo diretor do Departamento de Fiscalização do órgão, Felisberto Batista, estiveram reunidos durante todo o dia, em Brasília. A reunião, à qual a imprensa não teve acesso, ainda prosseguia após as 18 horas.

O vice-governador e secretário de Agricultura do Paraná, Orlando Pessuti, disse discordar dos critérios adotados pelo ministério, que confirmou a existência da doença no Estado com base em resultados sorológicos associados à vinculação epidemiológica dos animais, não conseguindo até agora isolar o vírus.

Pessuti, que participou ontem e hoje do Show Rural, uma feira de tecnologia e de produtos para a agropecuária, em Cascavel, reiterou: "Não temos aftosa aqui e vamos lutar para que o ministério não levante novamente suspeitas que podem prejudicar a economia do Paraná."

Mas ele admitiu que o ministério poderia decretar novos focos da doença.

A suspeita de aftosa no Paraná foi anunciada em 21 de outubro em quatro fazendas. Os animais suspeitos haviam sido adquiridos em Eldorado, onde surgiu o primeiro foco da doença em Mato Grosso do Sul.

O foco da doença foi confirmado em 6 de dezembro na Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, que também havia comprado animais daquele município.

O rebanho da Fazenda Cachoeira, formado por 1.795 animais, não foi abatido por causa de uma liminar concedida pela 3ª. Vara da Justiça Federal de Londrina.

A liminar foi revogada no início desta semana e o abate autorizado, condicionado, no entanto, ao depósito judicial, pelos governos estadual e federal, de R$ 1,28 milhão, valor pelo qual o rebanho foi avaliado, e ao pagamento antecipado ao proprietário de metade dessa quantia.

A União anunciou que vai recorrer da sentença, argumentando que o pagamento antecipado é ilegal.