Título: Presidente da Caixa não falou o que fazia, diz vice
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2006, Nacional, p. A7

A vice-presidente de Tecnologia da Caixa Econômica Federal, Clarice Copetti, disse ontem na CPI dos Bingos que em nenhum momento o ex-presidente da instituição Jorge Mattoso admitiu para seus subordinados que estava envolvido no episódio de violação da conta do caseiro Francenildo dos Santos Costa.

Segundo ela, na reunião que teve com a equipe, após depor na Polícia Federal, Mattoso teria se limitado a dizer que encaminhara os dados do caseiro ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), subordinado ao Ministério da Fazenda. Teria ainda assegurado que a abertura do sigilo bancário não ocorreu na Caixa.

Ela comprometeu Mattoso, ao afirmar, em resposta ao senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que a comunicação ao Coaf é feita por uma superintendência de controle interno da Caixa por intermédio do Banco Central, não diretamente, como o ex-presidente da Caixa afirmara. "Essa área (sobre os informes ao BC) não afeta a mim, mas posso lhe dar um dado que está nos nossos controles: só este ano, a gente fez 55 informações ao sistema que controla isso. Obviamente que nem tudo que é avaliado vai como informação", explicou.

Clarice irritou os senadores da oposição ao minimizar os estragos que a violação da conta de Nildo causou à imagem de uma das mais antigas instituições financeiras do País. Segundo ela, o que houve foi "um fato isolado", devidamente investigado pela PF.

A vice-presidente de Tecnologia da Caixa também se negou a opinar sobre o gesto de Mattoso de receber os dados e repassá-los ao então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "O que me espanta é ter a senhora aqui, sem demonstrar indignação. Eu esperava alguma coisa mais incisiva por ter trabalhado com ele (Mattoso). Até como cidadã, a senhora tem o dever de não ser fria diante de um crime como o que foi cometido contra o caseiro", protestou o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).

Para o senador Heráclito Fortes (PFL-PI), Mattoso deveria ser novamente convocado a depor na CPI para explicar pontos ainda não esclarecidos sobre a violação do sigilo.

Um deles é o de informar de quem partiu a ordem para abrir a conta ilegalmente. "Ele mentiu aos senadores que foram à Caixa na semana passada, quando garantiu que nada sabia sobre a quebra do sigilo", afirmou o senador pefelista.